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560 ligações em um dia para a Embaixada do Brasil em Santiago

Com o restabelecimento parcial das comunicações no Chile, cresceu o número de brasileiros que procuraram a Embaixada do Brasil em busca por informações de parentes e conhecidos. Durante todo o dia de ontem, pelo menos 560 pessoas procuraram o consulado. Os pedidos foram os mais diversos. Desde ofício para apresentar à chefia no Brasil, justificando ausência no trabalho por conta do terremoto, a pessoas que buscam auxílio por não terem mais condições de se manter no país. [SAIBAMAIS]O embaixador Mário Vilalba disse ao Correio que não há previsão de que uma aeronave da Força Aérea Brasileira vá ao Chile resgatar brasileiros. Isso só ocorrerá se o governo identificar mortos ou feridos graves no país. "Não descartamos que algum brasileiro possa ter sofrido as consequências do terremoto, até porque cerca de 12 mil moram aqui. Mas, até o momento, não encontramos nenhum brasileiro entre as vítimas ou feridos graves", ressaltou o embaixador. A embaixada conta com sete pessoas na linha de frente de atendimento. Cada uma tem recebido em média 80 ligações. A equipe também está encarregada de monitorar informações sobre possíveis brasileiros entre as vítimas do terremoto. "São muitos rumores e informações desencontradas, mas estamos checando tudo. Neste momento (às 18h de ontem), estamos verificando uma denúncia de que haveria um brasileiro entre as vítimas na cidade de Concepción (onde foi registrado o epicentro do terremoto), mas nada foi confirmado", garantiu o embaixador. Para os brasileiros que afirmam não ter mais condições financeiras de se manter no Chile, a embaixada está providenciando abrigos. "São casos pontuais, a minoria. Boa parte das pessoas que nos procuram são turistas que estão em boas condições. Nesses casos, estamos pedindo paciência até que a situação no país se normalize. Recomendamos que essas pessoas permaneçam em seus hotéis até que os serviços no Chile sejam restabelecidos", explicou Vilalba. Voos internacionais O Aeroporto Internacional de Santiago, capital do Chile, onde fica a Embaixada do Brasil, voltou a operar ontem. Um voo de Lima, no Peru, foi o primeiro a aterrissar, trazendo chilenos para casa. Mas as atividades estão longe dos níveis normais de funcionamento. Segundo o chefe da Força Aérea do Chile, Ricardo Ortega, o pleno funcionamento depende de reparos nos terminais de embarque, muito afetados pelo terremoto, e nos sistemas das companhias aéreas. "Temos alguns voos que estão chegando. Isso não significa que eles vão chegar de maneira regular, mas estamos fazendo procedimentos para que possam aterrissar por etapas. Não vamos montar um sistema de primeira qualidade, mas terminais provisórios", avisou. Ainda não há previsão de quando será possível embarcar passageiros para fora do Chile. "O terminal de embarque foi muito afetado. Além de paredes, passarelas e tetos danificados, as companhias estão sem sistema para organizar os embarques. Imagino que serão necessários pelo menos 48 horas ou 72 horas para que a situação melhore", estimou o embaixador do Brasil. Em entrevista ao Correio, Mário Vilalba lembrou os momentos de pânico que viveu durante o terremoto e a dificuldade para repassar informações ao Brasil. "Eu estava em casa com a minha esposa e ela me acordou dizendo que o tremor estava muito forte. Aqui, pequenos tremores são comuns, mas ela estranhou aquele. Nós nos levantamos e, como me ensinaram, a levei comigo para debaixo de uma viga. Vimos a casa sacudir como se fosse um brinquedo de parque de diversões", narrou. O embaixador também procurou seus familiares. "Nossas duas filhas estão viajando aqui mesmo no Chile. A primeira coisa que fiz foi tentar contato com elas. Ficamos sem luz, sem água e sem telefone. Só consegui falar com o Brasil com a ajuda da embaixada que fica em Assunção (capital do Paraguai). Foram eles que conseguiram um canal de comunicação com Brasília", lembrou Vilalbas. Além de paciência, o embaixador recomenda aos brasileiros que estão no Chile que não tentem sair do país por vias alternativas. "As estradas da região sul estão em péssimo estado. O melhor é aguardar", concluiu.