SANTIAGO - A situação da ordem pública nas zonas mais afetadas pelo terremoto que atingiu o Chile está se complicando e o governo deve recorrer às Forças Armadas, advertiu neste domingo o presidente eleito, Sebastián Piñera.
"Quando temos uma catástrofe desta magnitude, sem água ou luz, a população, com certa razão, fica angustiada e perde o sentido da ordem pública", disse Piñera, que assumirá o governo no próximo dia 11 de março.
Diante desta situação, "temos que recorrer a todos os recursos, e nossas Forças Armadas estão preparadas para contribuir em tempo de crise e de catástrofe". "Muitos prefeitos me dizem que esta noite vamos ter uma difícil situação de ordem pública, especialmente em Concepción", 500 km ao sul de Santiago, epicentro do terremoto que matou mais de 700 pessoas no Chile.
"Todos têm que ajudar. Os feridos precisam de atenção e muitos não estão sendo assistidos. A população precisa de tranquilidade mas a ordem pública, lamentavelmente, está se perdendo". Piñera assinalou que sua equipe ministerial se reunirá ainda hoje para analisar as medidas que devem ser tomadas para a reconstrução do país.
A presidente Michelle Bachelet decretou hoje o "estado de exceção de catástrofe" para as zonas de Maule e Biobio, por 30 dias, para "garantir a ordem pública e acelerar a entrega de ajuda".
Para cumprir a medida, Bachelet anunciou o envio de uma força policial à região, cujo efetivo não foi divulgado.
Bachelet também determinou a distribuição gratuita de alimentos e gêneros de primeira necessidade à população nas zonas devastadas, onde tem ocorrido saques a supermercados. "Vamos garantir a distribuição gratuita de todos os produtos de primeira necessidade" nas zonas afetadas, prometeu a presidente ao manifestar sua preocupação com os saques, especialmente na cidade de Concepción, uma das mais atingidas pelo terremoto.
A polícia agiu neste domingo para evitar saques em Concepción, incluindo ao supermercado Líder, em pleno centro da cidade. A TV estatal exibiu imagens de policiais utilizando jatos d;água para dispersar centenas de pessoas que tentavam saquear o supermercado.
Em Concepción, o comércio não funciona desde o terremoto, e a população começa a sentir os efeitos do desabastecimento de água e alimentos.
Segundo a prefeita da cidade, Jacqueline Van Rysselberghe, "se não conseguirmos resolver hoje (domingo) o problema da comida, teremos uma situação muito complicada".