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Número de mortos após terremoto no Chile chega a 300

Santiago ; Um terremoto de 8,8 graus de magnitude, um dos mais fortes das últimas décadas, matou pelo menos 300 pessoas, deixou 15 desaparecidos e provocou sérios danos no Chile neste sábado.

O último boletim, apontando 300 mortos, foi divulgado na noite deste sábado pela chefe do Bureau Nacional de Emergências, Carmen Fernandez.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, havia informado à nação a morte de 214 pessoas, 15 desaparecidos e dois milhões de chilenos atingidos.

"Foi um terremoto de grande força", disse Bachelet, advertindo que "ainda não é possível avaliar tudo".

Bachelet, que sobrevoou durante a tarde a região da cidade de Concepción, uma das zonas mais afetadas, pediu calma à população e manifestou suas condolências às famílias das vítimas.

O ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma, advertiu que "este é um cataclismo de proporções imensas, e será muito difícil chegar a números exatos".

Carmen Fernández informou que a zona da cidade de Concepción foi a mais atingida e que na região há cerca de 400 mil "afetados" pelo tremor, que ocorreu às 3h34 (mesmo horário de Brasília).

O tremor teve seu epicentro a 90km de Concepción, cidade de meio milhão de habitantes 500 km ao sul de Santiago. A ponte da cidade, construída sobre o rio Bio Bio, ficou destruída.

Ilha arrasada

O terremoto provocou um tsunami que deixou cinco mortos e 11 desaparecidos na remota ilha de Robinson Crusoé, a 700 km da costa chilena.

Iván de la Masa, prefeito de Valparaíso, a cidade mais próxima da ilha, confirmou que uma série de ondas gigantes matou cinco pessoas e outras 11 estão desaparecidas em Robinson Crusoé.

A pequena ilha, com cerca de 600 habitantes, foi arrasada pelo tsunami. O local, que inspirou o narrador inglês Daniel Defoe a escrever Robinson Crusoé, não sentiu o forte terremoto, mas foi varrido posteriormente por uma série de ondas, que atingiram especialmente a baía de Cumberland, revelou o piloto Fernando Avaria.

"Tudo em uma distância de três quilômetros (em Cumberland) desapareceu", disse Avaria à Televisão Nacional do Chile, após manter contato com a ilha. Na baía de Cumberland havia três pousadas, a prefeitura e várias repartições públicas.

Bachelet, enviou duas embarcações, dois helicópteros e um avião" a Robinson Crusoe, no arquipélago de Juan Fernández.

Escuridão

No momento do terremoto, que durou cerca de um minuto, os chilenos saíram aterrorizados para as ruas. Devido aos vários tremores secundários que se seguiram, as pessoas preferiram permanecer na rua, temendo abalos mais graves às construções.

A confusão foi agravada pela escuridão, já que a energia caiu em toda a região logo após o tremor. As linhas telefônicas também foram cortadas.

Em Santiago, muros caíram e prédios foram danificados. A Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC) informou que o aeroporto internacional de Santiago, o maior do país, ficará fechado por pelo menos 24 horas devido ao colapso parcial da estrutura do terminal de passageiros.

Segundo a DGAC, a pista do terminal não sofreu danos, mas a estrutura que sustenta a plataforma de passageiros ficou destruída.

Os voos internacionais com destino a Santiago estão sendo desviados para aeroportos argentinos como o de Mendoza (1.100 km a oeste de Buenos Aires)

Cordilheira

O tremor também provocou problemas nos transportes rodoviários. Desmoronamentos nos acessos de ambos os lados da cordilheira dos Andes obrigaram o fechamento da passagem Cristo Redentor, principal ligação entre Chile e Argentina, muito utilizada para o transporte de cargas. A via foi reaberta às 9h, com recomendações de precaução.

Algumas regiões da Argentina também sentiram o terremoto, cujos tremores secundários chegaram a mais de 6 graus de intensidade. O mesmo ocorreu na cidade de São Paulo, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.

O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, que assume o poder em 11 de março, estimou que o terremoto representa um "duro golpe" para a população do país, destacando que é a pior catástrofe enfrentada pelos chilenos nos últimos 30 anos.

"O Chile deve se unir para estarmos mais preparados para novas catástrofes", destacou Piñera, garantindo que seu governo fará o que for necessário para priorizar a reconstrução do país.

Ajuda externa

Estados Unidos, Brasil, ONU e vários países europeus manifestaram seu pesar e ofereceram ajuda ao Chile.

O presidente norte-americano, Barack Obama, lamentou as "centenas de mortos" no tremor e disse que os Estados Unidos "estão prontos para ajudar" as autoridades chilenas nas operações de socorro e reconstrução.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua "profunda preocupação" e se colocou à disposição para oferecer "a assistência que for necessária".

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, prestou suas "condolências aos que perderam membros da família e amigos" na tragédia.

O chanceler chileno, Mariano Fernández, pediu aos países que ofereceram ajuda humanitária que não enviem nada até que os serviços de emergência divulguem suas necessidades reais.

"Não é preciso que qualquer país envie ajuda antes que se determine as necessidades (...) Uma ajuda que chega sem pedido definido não auxilia muito", explicou o chanceler, que citou o exemplo do Haiti.

Antecedentes

O terremoto deste sábado foi o segundo mais potente dos últimos 20 anos, atrás apenas do tremor de 9,1 graus na escala Richter registrado em dezembro de 2004 na costa da Indonésia, que desencadeou a tsunami que matou 220 mil pessoas.

Em 1960, o Chile foi alvo do terremoto mais forte já registrado no mundo, de 9,5 graus, que deixou 3.000 mortos. O país se encontra no ponto de convergência de duas grandes placas tectônicas.

O Chile está acostumado com os terremotos, e conta com uma legislação rigorosa para a construção de imóveis, que devem ser equipados com dispositivos de segurança para aguentar a força dos tremores.