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ONU alerta que abuso de medicamentos prescritos cresce e número de viciados supera o de usuário de drogas ilegais

Brasil registra redução na apreensão de maconha

Há exatamente 225 dias, um popstar saía para sempre de cena após abusar de remédios controlados. A morte de Michael Jackson colocou o problema das drogas prescritas na agenda internacional. O relatório da Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), órgão das Nações Unidas, alerta para um fenômeno que tem sido cada vez mais comum em todo mundo. ;As pessoas tendem a achar que o abuso de medicamentos prescritos é apenas um uso inadequado de substâncias para tratar problemas de saúde;, afirma o documento. ;Mas esses incidentes são frequentemente resultado de um vício que pode ser tão letal como a dependência de heroína ou a cocaína;, acrescenta. O mesmo relatório admite que ;o Brasil fortaleceu medidas relacionadas ao descarte e ao controle de medicamentos contra a anorexia ; que tem altos índices de consumo no país;. Segundo a Jife, a utilização exagerada de substâncias prescritas está em franca e rápida expansão em todo o mundo, e o número de viciados nessas substâncias já supera o de usuários de cocaína, heroína e ecstasy, combinados. Por outro lado, o Brasil registrou uma diminuição no consumo de medicamentos tarja-preta, que incluem os anorexígenos. O psicofarmacologista Elisaldo Luiz de Araújo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid) e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma ao Correio que cerca de 13% da população brasileira já experimentou drogas ilícitas, enquanto 25% fizeram uso de drogas lícitas e solventes alguma vez na vida. ;Estamos prestando muita atenção em drogas que não são tão utilizadas, e deixando de lado essas que são lícitas e têm uso ilícito, como os benzodiazepínicos e as anfetaminas, mais usadas por meninas e mulheres;, explica. De acordo com ele, os benzodiazepínicos tiram a ansiedade e o nervosismo. ;Outro tipo de uso das anfetaminas visa combater o excesso de peso e são fruto de uma deturpação cultural;, acrescenta. Carlini, integrante da Jife até o ano passado, também alerta para a disseminação de energéticos entre os jovens e solventes. O dossiê denuncia o aumento da apreensão de cocaína no Brasil (de 8,3t em 2001 para 19,7t em 2008) e a redução da produção da mesma droga na América do Sul ; o plantio da folha de coca caiu 18% na Colômbia, o maior produtor mundial. Em todo o subcontinente, a queda foi de 8%, para 167 mil hectares. Por outro lado, o texto faz menção ao crescente número de laboratórios clandestinos no Brasil (principalmente de anfetaminas, metanfetaminas e comprimidos de ecstasy) e em outras nações do Cone Sul. A apreensão de maconha tornou-se mais frequente na Bolívia, Chile, Equador e Peru e diminuiu no Brasil e na Venezuela. Em 2008, as autoridades brasileiras apreenderam 187,1t toneladas da droga em 2009, contra 199t em 2008. Sexo Um fenômeno novo incomoda o organismo sediado em Viena. O uso de ;drogas do estupro;, usadas para cometer crimes sexuais, está em forte ascensão. A substância aumenta o desejo sexual em níveis incontroláveis e o usuário pensa apenas em manter relações, com ou sem anuência do parceiro. ;O fenômeno evolui rapidamente, enquanto os agressores tratam de se esquivar dos controles estritos utilizando substâncias não incluídas nas Convenções Internacionais;, afirma a Jife.