Após uma série de acusações sobre o envolvimento no assassinato de um dos militantes do grupo armado palestino Hamas, Israel se defendeu ontem alegando que a polícia de Dubai não tem qualquer prova para apontar o país como o responsável pelo ataque. O Mossad, serviço secreto israelense, é o principal alvo das investigações desde o primeiro momento. Um dos responsáveis pela apuração do crime, o tenente-general Dhahi Khalfan, chefe de polícia de Dubai, afirmou, na quinta-feira, que estava ;99% seguro, e até 100%;, da responsabilidade do serviço secreto israelense pelo assassinato. A vítima, Mahmud al-Mabhuh, um dos financiadores e fornecedor de armas do braço armado do Hamas, foi encontrado morto em um quarto de hotel de Dubai em 20 de janeiro.
De acordo com uma fonte oficial israelense, que não quis se identificar, a guarda de Dubai ;se firma em incertezas; e ;não sabe explicar; o ocorrido. ;Até agora, ninguém sabe o que aconteceu;, alegou a fonte à agência de notícias AFP. Diz ainda que ;nem sequer há provas de que (Mabhuh) tenha sido assassinado;. ;Tudo o que se vê nos vídeos são pessoas que falam no telefone;, completou. A possível emissão de uma ordem internacional de prisão contra Meir Dagan, chefe do Mossad, é considerada, como as afirmações feitas por Dubai, como ;ridícula;. O chefe da Polícia de Dubai prometeu que irá provar o envolvimento israelense no caso.
Parte da imprensa israelense vem tentando minimizar o impacto do caso ; e chega a defender a morte do palestino. ;Al-Mabhouh certamente merecia ser assassinado por Israel;, escreveu o jornal Jerusalem Post.
Tensão
Além das lacunas ainda existentes sobre o papel de Israel no assassinato, há uma série de outras dúvidas sobre o caso. Uma das maiores interrogações envolve a prisão de dois palestinos na Jordânia. Anwar Shekhaiber e Ahmad Hasnin, que seriam ex-agentes de segurança da Autoridade Palestina e ligados ao Fatah (grupo rival do Hamas), foram extraditados pelo governo jordaniano para Dubai, mas não se sabe como os dois teriam participado do ataque. O Hamas disse ontem que os dois teriam sido ;recrutados pelo Mossad;. Se confirmada, a participação de dois palestinos no assassinato pode agravar a já tensa convivência na Palestina.
A Interpol emitiu na quinta-feira, um mandado de busca e extradição para os 11 suspeitos cujas fotos e falsas identidades foram liberadas por Dubai. A morte de al-Mabhuh gerou um grande conflito diplomático para Israel. O Estado judaico tem sido duramente questionado por países europeus sobre a suposta operação do Mossad em Dubai.
[SAIBAMAIS]Diplomatas israelenses na Inglaterra, na Irlanda, na Alemanha e na França foram convocados pelos governos locais para explicarem a utilização de passaportes desses países europeus pelo grupo que matou o militante do Hamas. Em Paris, o Ministério das Relações Exteriores francês expressou ;profunda preocupação com a utilização indevida de documentação fraudulenta;. ;Dadas as informações obtidas, considero urgente e necessário esclarecer totalmente as circunstâncias da morte de Mahmud al-Mabhuh;, afirmou o ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle. ;Esperamos que Israel coopere plenamente com o inquérito instaurado pelo primeiro-ministro Gordon Brown;, disparou David Miliband, chefe do Foreign Office. A Irlanda, por sua vez, exigiu uma investigação conjunta do quarteto de países.