As autoridades militares da Otan manifestaram sua satisfação neste domingo (14/2), segundo dia da megaofensiva contra Marjah, um reduto talibã no sul do Afeganistão, no qual os insurgentes oferecem pouca resistência, recorrendo principalmente a minas espalhadas nas estradas e aos francoatiradores.
A Otan também admitiu neste domingo que 12 civis afegãos morreram quando um foguete errou seu alvo durante a ofensiva contra os talibãs.
Vinte talibãs também morreram em combates esporádicos no início da operação Mushtarak ("Juntos"), enquanto que as forças internacionais sofreram duas baixas, um militar britânico e outro norte-americano, ambos vítimas de explosões de bombas artesanais.
No total, a Otan anunciou a morte de cinco soldados estrangeiros no sábado, três deles norte-americanos no sul do Afeganistão, sem explicar se, fora o britânico e o americano, os outros dois morreram na ofensiva em curso ou em outras frentes de combate.
Cerca de 15.000 soldados das forças afegãs e internacionais, lideradas pelos norte-americanos, realizaram a ofensiva, a maior das forças internacionais desde o anúncio do envio, em 2010, de um reforço de 30.000 soldados norte-americanos feito pelo presidente Barack Obama em dezembro passado, com o objetivo de inverter o curso da guerra no momento em que se intensifica a insurreição dos talibãs.
A operação Mushatarak começou antes da madrugada deste sábado, quando 60 helicópteros enviaram soldados da infantaria norte-americana e tropas afegãs para a cidade de Marjah, no cinturão de cultivo de papoula da província de Helmand.
Segundo o general Gordon Messenger, porta-voz do exército britânico, o objetivo principal foi alcançado, ou seja, tomar o controle dos grandes centros de população e das principais instalações, como os postos da polícia em torno de Shah-e Anjir, no norte de Marjah.
"Houve combates esporádicos, mas os talibãs parecem desorientados, desorganizados e não foram capazes de opor uma reação coerente", acrescentou o general.
A insurreição dos talibãs se intensificou sensivelmente nos últimos dois anos, e deixou 520 mortos nas fileiras das forças internacionais em 2009, no balanço mais elevado em oito anos de guerra.
Os insurgentes, aliados da Al-Qaeda, enviaram reforços nestas últimas semanas e encheram a região de artefatos explosivos artesanais (IED), considerados a principal ameaça para os soldados afegãos e internacionais.
As estimativas militares do número de combatentes talibãs mobilizados na cidade e em seus arredores variam entre 400 e mil. Seu porta-voz prometeu nestes últimos dias que os insurgentes recorreriam as suas táticas habituais, baseadas em armadilhas com artefatos explosivos artesanais escondidos à beira de estradas e em emboscadas.
O presidente Obama, por sua vez, está recebendo inúmeros informes sobre o andamento da ofensiva das forças da Otan e conversou com seu assessor de Segurança Nacional, Jim Jones.
O general Jones acaba de finalizar uma visita de cinco dias ao Afeganistão e Paquistão, quando se reuniu com comandantes militares afegãos, americanos e outros membros da força internacional (Isaf), informou o porta-voz Tommy Vietor.
Segundo Jones, a ofensiva transcorrem muito bem. "Este é um momento importante porque é a primeira vez que reagrupamos todos os aspectos da nova estratégia para o Afeganistão", afirmou Jones à CNN. "Evidentemente etamos na primeira fase, mas está progredindo bem".
O secretário de Defesa Robert Gates também pediu ao máximo comandante americano no Afeganistão, o general Stanley McChrystal, que mantenha o presidente Obama informado.
A força da Otan, por sua vez, admitiu as primeiras baixas civis.
"Dois foguetes de um Sistema de Foguetes de Artilha de Alta Mobilidade (HIMARS, sigla em inglês) disparados contra insurgentes que atacavam as forças afegãs e da Isaf (Força Internacional de Apoio) caiu a 300 metros de seu alvo, matando 12 civis", afirma a Otan em comunicado.
"O comandante da ISAF, o general Stanley McChrystal, apresentou suas desculpas ao presidente afegão Hamid Karzai por este infeliz incidente", assinala a nota.
Anteriormente, o presidente afegão Harmid Karzai havia anunciado que dez civis morreram na ofensiva e que ordenou a abertura de uma investigação.
No sábado, Karzai pediu novamente que os talibãs deponham as armas e também "recomendou que as tropas afegãs e internacionais tenham bastante prudência a fim de evitar que haja vítimas civis.
Por sua vez, os guerrilheiros afirmam que se trata de uma operação "midiática" contra Marjah: "Matamos seis soldados estrangeiros nos primeiros confrontos", declarou o porta-voz talibã, Yusuf Ahmadi.
Não foi possível confirmar o registro apresentado pelos talibãs.
Cabul e as forças internacionais apresentaram a Mushtarak como a primeira fase de uma grande operação, que pode durar semanas, para restabelecer o controle do governo afegão na província de Helmand.
A operação Mushtarak deve se concentrar na cidade de Marjah e em seus arredores, com uma população estimada de 125.000 habitantes. Milhares fugiram da região antes do início da ofensiva, segundo as autoridades locais.