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EUA e França ameaçam Irã com sanções por enriquecimento de urânio

Os governos dos Estados Unidos e da França lideram um movimento para que a comunidade internacional pressione o Irã a recuar na decisão de ampliar seu programa nuclear a partir do enriquecimento do urânio a 20%. Para os norte-americanos e franceses, a saída, se o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad insistir na iniciativa, é impor mais sanções contra o Irã. Uma das alternativas é dificultar o acesso a combustíveis. Nesta segunda-feira (8), houve uma reunião com representantes das áreas de Defesa e Relações Exteriores com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, cujo tema foi a iniciativa iraniana sobre o enriquecimento de urânio. "Será necessário que toda a comunidade internacional trabalhe junta, para tentar pressionar [o governo do Irã]. O ponto de pressão é trazer os iranianos de volta para as negociações e resolver esta questão de uma forma que evite que o Irã obtenha uma arma nuclear", disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gate. O ministro da Defesa da França, Herve Morin, acrescentou ainda que sem recuo do Irã será impossível escapar das sanções internacionais. "Toda a comunidade internacional, particularmente o presidente [Barack] Obama, tenta há meses retomar as condições para um diálogo com o Irã. O objetivo é simples de que [o Irã] abandone o programa. Programa que estamos convencidos estar ligado ao desenvolvimento de um programa militar", disse. Segundo Morin, não há dúvidas de que os projetos desenvolvidos na área nuclear têm fins militares. O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, admitiu que a sanção é uma espécie de retaliação a ser aplicada contra o Irã. "É uma verdadeira chantagem. A única coisa que podemos fazer é aplicar sanções, já que as negociações não são possíveis", disse ele. O Conselho de Segurança das Nações Unidas já impôs três rodadas de sanções ao Irã. O conselho de segurança é formado por 15 países, dos quais, entre os cinco permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, quatro são favoráveis às sanções. Atualmente o Irã enriquece urânio a 3,5%, mas são necessários 20% para o funcionamento do reator nuclear de Teerã, desenhado para produzir isótopos para fins medicinais. Para construir uma bomba atômica é necessário ter urânio enriquecido em ao menos 90%. Pela manhã, em Brasília, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, defendeu a iniciativa de seu país. Segundo ele, o Brasil apoia a decisão. O diplomata passou a tarde de hoje (8) em reuniões no Itamaraty. Ele negou que existam planos para fins não pacíficos, como fabricação de armas e bombas, a partir do urânio enriquecido. "Os países como Brasil e Irã não querem usar energia nuclear para produzir armas. A energia nuclear no Irã como o Brasil é para a área de medicina, agricultura. Esse é o direito de aproveitar da tecnologia para o bem-estar da população", disse o embaixador.