Cerca de 3 milhões de eleitores da Costa Rica vão hoje às urnas para escolher o novo presidente da República, dois vices, 57 deputados e quase mil vereadores. Para o analista político costarriquenho, Rodolfo Cerdas, existe uma grande chance de haver segundo turno na corrida presidencial em abril, apesar de a maioria das pesquisas indicarem a vitória já neste domingo da candidata Laura Chinchilla, do Partido Liberación Nacional (PLN), apoiada pelo atual presidente, o Nobel da Paz Oscar Arias.
[SAIBAMAIS];De acordo com o sistema costarriquenho, a maioria de 40% dos votos mais um que se exige para ganhar em primeiro turno se estabelece com relação ao total de votos validamente emitidos na eleição ;não se leva em conta os votos nulos e brancos;, explicou Cerdas ao Correio, por telefone, da capital San José. O analista chama atenção para os eleitores que não decidiram seus votos e que podem, na última hora, alterar as previsões. ;Há 30% de eleitores indecisos: um número que não pode ser ignorado em um sistema como o nosso;, afirmou Cerdas.
Na pesquisa realizada pelo CID Gallup, entre 11 e 17 de janeiro, para os jornais La República e La Extra, Laura seria a ganhadora das eleições com 44% da preferência. Otto Guevara, do Movimiento Libertario, seria o segundo colocado, com 27% dos votos. O terceiro lugar ficaria com o Ottón Solís, do Partido Acción Ciudadana (PAC), com 12%. No entanto, segundo a empresa Imerca, que contou os 30% de nulos e indecisos, a previsão é de que Laura alcance 35% dos votos; Solís, 15,2%; e Guevara, 14,8%.
Chances
Esses três candidatos, entre os seis que concorrem à presidência, são os que apresentam maiores chances de suceder a Arias, do PLN. ;Laura Chinchilla representa a continuidade da administração Arias ; que se diz social-democrata, mas se tornou neoliberal. Otto Guevara representa um movimento de centro-direita, de ideologia liberal declarada. E Ottón Solís, que é da centro-esquerda moderada, apoia a intervenção estatal na economia;, resume Cerdas.
Apesar da pluralidade de partidos, o analista acredita que existe um clima político no qual o votante prefere não dizer em quem vai votar. ;Há um grande desencanto com os partidos, com os políticos, porque houve escândalos muito fortes com políticos tradicionais e isso determinou que principalmente os jovens entre 18 e 35 anos ; que representam 43% do eleitorado ; estejam muito céticos;, afirma. O engenheiro Ricardo Méndez, 33 anos, encaixa-se no perfil descrito por Cerdas. ;Não tenho preferências, nenhum dos candidatos parece querer realmente solucionar os problemas do país;, disse Mendez à reportagem, via internet, de San José. O engenheiro não sabe se comparecerá às urnas. O voto na Costa Rica é obrigatório, mas não há sanções nem multas contra os eleitores ausentes.
Campanhas milionárias
O PLN investiu na campanha US$ 12 milhões; o ML, US$ 5,3 milhões; e o PAC, US$ 2,6 milhões. Esses valores são considerados altos na Costa Rica, país com 4,5 milhões de habitantes. Segundo o analista político Rodolfo Cerdas, Laura Chinchilla teria tentado se distanciar dos irmãos Oscar e Rodrigo Arias. ;Para a grande maioria dos eleitores, Arias esteve mais preocupado com os temas internacionais e se esqueceu dos temas nacionais, deixando-os nas mãos de seu irmão, ministro da Presidência;, afirma Cerdas. No entanto, a questão de financiamento da campanha teria pesado contra a independência da candidatura de Chinchilla, além do fato de ela não ter uma base própria de apoio no país.
Nas últimas semanas, a oposição utilizou esse argumento para afirmar que se Laura ganhar as eleições, não será a verdadeira governante da Costa Rica, mas um ;marionete; de Arias. A possibilidade de ascender como a primeira presidenta do país centro-americano também é outro divisor de águas entre o eleitorado. ;Não creio que o fato de ser mulher lhe ajude muito, pois não é uma mulher que influiu no país, não é um ícone;, opina o eleitor Ricardo Méndez. Por outro lado, o sociólogo costarriquenho Carlos Sojo defende: ;Gostem ou não, seja explícito ou não, favorece-lhe ser uma candidata mulher;.
No Congresso, o futuro presidente ; homem ou mulher ; terá um trabalho difícil pela frente, uma vez que nenhum partido deve conseguir a maioria no congresso, obrigando o mandatário a negociar com os novos legisladores.