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Repressor uruguaio permanecerá detido na Argentina

BUENOS AIRES - O coronel uruguaio da reserva, Manuel Cordero Piacentini, ficará detido a partir desta terça-feira (26) no Hospital Militar Central de Buenos Aires, depois de negar-se a depor ante o magistrado que investiga o desaparecimento de oito uruguaios durante a ditadura argentina, segundo fonte judicial.

O militar é acusado de sequestros e torturas, como parte do denominado Plano Condor de repressão coordenada das ditaduras sul-americanas nos anos 70.

Depois de permanecer fugitivo durante vários anos, o ex-agente da inteligência do Exército uruguaio, foi detido em 2007 em Santana do Livramento, onde morava, casado com uma brasileira.

Cordero negou-se a falar ante o juiz federal Norberto Oyarbide, que decidiu mantê-lo no hospital para que seja determinado seu estado de saúde.

Oyarbide investiga, entre outros casos, o desaparecimento de María Claudia Iruretagoyena, nora do poeta argentino Juan Gelman, sequestrada em Buenos Aires e, depois, trasladada a Montevidéu, onde foi assassinada.

O coronel, de 71 anos, é acusado, além disso, dos desaparecimentos de Adalberto Soba, Zelmar Michelini e Héctor Gutiérrez Ruiz, todos eles uruguaios levados para a Argentina.

Cordero é o primeiro militar uruguaio que será julgado na Argentina por crimes cometidos no centro clandestino de detenção Automotores Orletti, no bairro portenho de Floresta, pelo qual passaram os uruguaios sequestrados na Argentina.

O Uruguai também solicitou a extradição de Cordero, mas as normas determinam que a prioridade legal é do território onde foi cometido o crime, ou seja, a Argentina.