La Paz - Em pouco mais de três horas de discurso, o presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, começou hoje (22) oficialmente seu segundo mandato, que terá duração de cinco anos. Usando traje típico de festa dos indígenas, Morales fez um balanço do primeiro governo, mostrando números que indicam avanços econômicos e sociais. Ele reconheceu, porém, que é preciso fazer mais e, para isso, pediu o apoio de todos os bolivianos e dos países desenvolvidos.
Morales aproveitou para mandar um recado aos governos dos países desenvolvidos, que a seu ver, defendem o incremento econômico pela ocupação da natureza. Também ironizou os Estados Unidos e sua política de ;ocupação;. A crítica aos norte-americanos ocorre dois depois de ele repudiar a presença dos 12 mil militares enviados pelos Estados Unidos ao Haiti, país devastado por um terremoto no último dia 12.
Pelo programa oficial da posse de Morales, seriam quase dez horas e nove solenidades distintas, com direito a festa popular no estádio Hermano Siles, em La Paz (capital administrativa), no encerramento das festividades. Mas houve atrasos entre uma solenidade e outra.
Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez; do Chile, Michelle Bachelet; do Equador, Rafael Correa, e do Paraguai, Fernando Lugo, participaram da festa. O Brasil foi representado pelo assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia. Os populares assistiram às cerimônias na praça em frente ao Palácio do Governo.
;Avançamos muito nestes quatro anos, mas é preciso fazer muita coisa. Tenho um pedido aos países desenvolvidos: é possível acabar com a fome e a miséria, sem destruir a natureza;, afirmou Morales. ;Peço a todos os bolivianos e aos povos originais [os indígenas] que trabalhemos juntos.;
Morales fez um balanço detalhado dos quatro anos de seu primeiro governo. Segundo ele, todos os números mostram avanços. Pelos dados revelados por ele, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) subiu de 3,45%, em 2005, para 4,75%, em 2009.
No país, que registra 10,2% de desempregados, Morales destacou que foram abertas 28 mil vagas de trabalho apenas no ano passado. Para ele, outra conquista foi o registro de 170 cooperativas e 1.298 sindicatos em funcionamento no país.
O presidente ressaltou também que a Bolívia, com 14% da população analfabeta, tem atualmente 5,8 milhões de alunos matriculados em suas escolas. Segundo elo, a evasão escolar caiu de 5% para 2% ao ano. Um dos principais problemas na Bolívia é que os moradores da área rural costumam mudar de endereço conforme a safra, o que faz com que as crianças e adolescentes saiam das escolas.
Morales destacou ainda o fato de 159 mil estudantes terem concluído cursos universitários na Bolívia em 2009 e a criação de três universidades indígenas, além do acordo firmado com a iniciativa privada para que 3.168 descendentes de índios frequentem cursos superiores no país.