Os norte-americanos assumiram o controle do aeroporto, oficialmente, a pedido do governo haitiano, porque a torre de controle de voo estava avariada. Eles providenciaram uma nova torre, que está sendo operada de seu país.
Desde domingo (17), o representante dos Estados Unidos no Haiti, o ex-presidente Bill Clinton, ordenou que o aeroporto fosse evacuado, só permitindo a presença de militares e de funcionários estadunidenses. A justificativa foi a manutenção da ordem.
A prioridade no aeroporto, desde então, passou a ser o embarque dos estadunidenses que vivem no Haiti. Eles representam a maior comunidade estrangeira no país. São 45 mil pessoas, e grande parte delas quer deixar o país.
Ontem (21), jornalistas e representantes de organizações de ajuda humanitária e equipes de salvamento que ocupavam uma ampla ala entre as pistas de aterrissagem e a sede provisória da Minustah foram desalojados, enquanto a fila de haitianos e de pessoas de outras nacionalidades que pretendiam sair do país dava várias voltas na entrada do aeroporto.
Louis Billy era um dos haitianos que estavam na fila à espera do embarque. O destino era o que parecia menos importar a ele. ;Quero sair daqui, preciso trabalhar para sustentar a minha família, que agora é só esta menina aqui;, mostrava ele. Billy disse que sua mulher morreu no terremoto e que perdeu sua casa
;Quero ir, não importa para onde. Não há mais o que fazer no Haiti;, disse outra haitiana, Évise Evariste, que está desempregada.
Os dois, certamente, ainda estão em solo haitiano. Ontem (21), a polícia federal norte-americana só permitia o embarque de seus nacionais com passaporte. Uma haitiana com o visto de permanência nos Estados Unidos, o Green Card, não pôde nem entrar no aeroporto. Foi barrada pela polícia norte-americana já na entrada do Toussaint Louverture, nome que homenageia o líder negro herói da independência do país.
Apenas um voo comercial continua operando desde o aeroporto. É uma aeronave da American Airlines que mantém uma linha diária com Miami. Restam o mar e a terra para sair da Ilha Hispaniola. O pais vizinho, a República Dominicana, é o caminho. O trajeto até a fronteira, desde Porto Príncipe, é curto, cerca de 60 quilômetros. O problema é a falta de segurança e as estradas, que já eram ruins e que estão mais avariadas ainda pelo terremoto do último dia 12.
O rodízio dos militares brasileiros que estão no Haiti, no entanto, não sofre com as restrições estadunidense. Os voos que levam e trazem as tropas operam na base da ONU, em uma pista ao lado da pista principal no aeroporto.
Hoje (22), 130 militares retornam ao Brasil e serão substituídos por outros 130. A operação começou na véspera do terremoto, foi interrompida por causa do tremor e se estenderá até o dia 5 de fevereiro. A cada seis meses, o contingente é trocado.