Jornal Correio Braziliense

Mundo

Porto Príncipe tenta voltar à normalidade em meio a cenário de guerra

Ainda com corpos na rua, com escombros a serem removidos, com cheiro de morte espalhado pela cidade, Porto Príncipe, a capital haitiana destruída pelo terremoto que atingiu 7 graus de magnitude, tenta retomar um pouco da normalidade, mesmo em cenário de guerra.

[SAIBAMAIS]No comércio formal, os mercados que não foram destruídos continuam fechados, com medo de saques. Mas nas calçadas, os haitianos voltaram a vender de tudo: legumes, frutas, pedaços de frango assado na brasa, refrigerantes, cana-de-açúcar cortada em pedaços, qualquer coisa que tenha sobrado da tragédia virou mercadoria.

Alguns telefones celulares já voltaram a funcionar. Energia elétrica só é encontrada em alguns pontos da cidade servidos por geradores particulares. As taps-taps, o transporte coletivo urbano mais popular, continuam a circular extremamente lotadas e a engrossar o caótico trânsito de Porto Príncipe. São veículos totalmente enfeitados e bem coloridos que fazem o serviço de transporte urbano. Além da taps-taps, há o serviço de mototaxi que também funciona a todo vapor. As filas para comprar gasolina são enormes.

Nos escombros removidos e jogados na beira da estrada que dá acesso à República Dominicana, vários haitianos passaram o domingo (17) martelando pedaços de lage para remover as ferragens. A venda de um monte pequeno de ferro na cidade pode render, segundo um haitiano, 200 gourdes, o equivalente a US$ 5. A quantia ainda seria dividida com outros três companheiros depois de levarem a pé a carga até a cidade, que fica a cerca de 30 quilômetros.

A tentativa de voltar à normalidade também está nas igrejas. Muitos haitianos procuram as igrejas, tanto católicas quanto evangélicas, para o culto ou a missa dominical.

Hoje, o batalhão brasileiro deu início ao enterro dos corpos em um terreno fora da cidade. As covas foram cavadas com 20 metros de extensão e dois metros de largura. Em cada cova, os militares colocaram 20 corpos, com uma distância de dois metros e meio entre cada corpo. Antes do enterro, os corpos eram fotografados para possível identificação posterior.

Também entrou em funcionamento nesse domingo o hospital de campanha brasileiro. ;Já fizemos algumas cirurgias;, disse o médico brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro Guimarães, da Companhia de Engenharia do Exército. O hospital tem capacidade para atender 400 pessoas por dia.