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Geração de emprego é um dos desafios do presidente eleito do Chile

Em 11 de março, o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera (Alianza), de centro-direita, assume o cargo. Pela frente, ele tem vários desafios, a começar por manter o país sem dívida externa e credor líquido, legado da presidente Michelle Bachelet. Piñera terá de utilizar sua experiência como empresário para administrar a maior reserva mundial de cobre, uma vez que o Chile detém 40% da produção.

A vitória de Piñera ocorreu em meio à eleição mais disputada do Chile. Ele venceu com 51,8% contra 48,1% do candidato governista, o ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación). O discurso dele se baseou em propostas de mudança e renovação, além do estímulo à geração de empregos. Sua equipe reconhece que ele terá de dar continuidade aos avanços sociais implementados por Bachelet, como as conquistas de direitos previdenciários e trabalhistas.

Os chilenos se queixam da falta de emprego, de problemas no atendimento público de saúde e dificuldades na educação da básica à superior ; no Chile, o ensino universitário é privado. Não há universidades públicas. O futuro presidente tem demanda que inclui uma série de expectativas sociais.

Para administrar o país, Piñera terá cerca de US$ 46,5 bilhões. Como no Brasil, a aplicação desses recursos deve ocorrer em acordo com o Congresso. Com isso, ele deve manter uma relação amistosa com o Congresso Nacional, mas analistas afirmam que isso se dará com dificuldades, uma vez que o resultado das eleições foi bastante apertado.

Se a tendência dos governos anteriores for mantida, o governo será alvo de crítica dos congressistas que o acusarão de conduzir determinadas propostas aprovadas. Na gestão de Bachelet foram aprovados 316 projetos de lei, dos quais 201 foram encaminhados pelo Executivo e apenas 115 pelo Legislativo.

Independentemente da polêmica com o Congresso, Bachelet quer deixar o governo com vários registros positivos. Ela marcou o dia 8 de março ; Dia Internacional da Mulher ; como a data-símbolo de encerramento de seu governo.

Até março, a presidente vai inaugurar a conclusão das obras de reforma do Estádio Nacional - onde foi realizada a Copa do Mundo de 1962, quando o Brasil se sagrou campeão mundial - e viajar a países vizinhos ; Argentina, Colômbia e Uruguai.

Nessa última etapa de seu governo, Bachelet inaugurou o Museu da Memória e dos Direitos Humanos. A inauguração fazia parte de seus projetos de governo, uma vez que ela perdeu o pai durante o regime militar. O local é uma homenagem às vítimas da ditadura - que durou de 1973 a 1990 - e suas famílias. O local reúne fotografias, depoimentos, cartas e até a reprodução de uma sala de tortura. No dia da inauguração do museu houve muita emoção, e os chilenos citam o local como motivo de orgulho.

Nos seis anos de governo, Bachelet tentou consolidar externamente a imagem do Chile e ampliar oportunidades de comércio. O Brasil é um dos principais parceiros dos chilenos, ocupando o oitavo lugar geral e o primeiro na América Latina.