GENEBRA - A situação de milhares de pessoas nas ruas de Porto Príncipe, castigadas pelo sol, é "desesperadora", enquanto que os hospitais da capital haitiana não têm mais espaço para atender o incessante fluxo de feridos, explicou neste domingo (17) o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Na grande praça de Champ de Mars, lotada por milhares de pessoas que perderam tudo, "a situação é desesperadora", conta um porta-voz do CICV no local, Simon Schorno. "Alguns encontraram um pouco de sombra, mas a grande maioria está sentada em pleno sol. Os odores de urina são opressivos", acrescentou Schorno, que conseguiu visitar a maioria dos bairros da capital.
Segundo o CICV, dezenas de milhares de sobreviventes, temendo réplicas do terremoto, passaram sua quinta noite nas ruas ao lado dos milhares de corpos em decomposição que ainda não foram recolhidos. "Há corpos inchados em decomposição nas ruas, um líquido amarelo sai de muitos deles. As motos e os automóveis tentam desviar, mas ninguém olha para eles", segundo Schorno.
A ajuda internacional maciça esperada ansiosamente por milhões de pessoas atingidas demora a chegar, reconhece o CICV. "O acesso às barracas, aos banheiros, à água, aos alimentos e aos cuidados médicos continua sendo muito limitado", segundo os especialistas da organização humanitária no local.
Tanto o CICV, como a ONU, consideram também que a situação nos hospitais é muito preocupante.
"As estruturas médicas de Porto Príncipe não têm pessoal e medicamentos. Os hospitais não têm espaço, estão lotados", explica o CICV em seu comunicado.
No único hospital de campanha, que funciona no bairro de Martissant, há apenas quatro médicos para 400 pacientes. "O hospital está completamente saturado e dezenas de feridos e doentes esperam na porta", indica o CICV.
Cerca de cinquenta médicos estrangeiros são aguardados, "mas, para alguns pacientes, talvez seja tarde demais", acrescenta.