SANTIAGO - Os chilenos definirão no domingo seu próximo presidente entre o direitista Sebastián Piñera e o representante da centro-esquerda Eduardo Frei, que travam uma batalha acirrada pelos votos na reta final.
A votação está prevista para começar às 07h00 locais (08h00 de Brasília) e o fechamento das urnas ocorrerá nove horas depois.
Cerca de 8,3 milhões de chilenos devem decidir se dão uma guinada para a direita, após duas décadas de domínio da centro-esquerda, ou se mantêm a coalizão que está no poder desde 1990.
Piñera, de 60 anos, derrotado em 2005 pela socialista Michelle Bachelet, é considerado o favorito por todas as pesquisas. Mas o ex-presidente Eduardo Frei (1994-2000), 67 anos, reduziu nesta semana a diferença entre ambos para menos de dois pontos, com 49,1% contra 50,9% para seu adversário, uma situação de empate técnico.
Antes da arrancada, Frei estava de 5 a 6,5 pontos atrás nas sondagens realizadas logo depois do primeiro turno de 13 de dezembro, no qual ficou a 14 pontos de Piñera.
O candidato independente que ficou na terceira posição em dezembro, Marco Enriquez-Ominami, intensificou a disputa na quarta-feira ao dar o seu apoio a Frei. Antes de se manifestar favoravelmente ao esquerdista, ele havia se negado a escolher entre candidatos "muito parecidos" a seu ver. Seus 20% de eleitores detêm a chave da votação.
Pela primeira vez o quase seguro triunfo de Piñera foi colocado em dúvida, embora a direita ainda esteja mais próxima da vitória, segundo analistas.
As incertezas transformaram a cordialidade da campanha em acusações e declarações destemperadas entre quinta e sexta-feira.
A presidente Michelle Bachelet, já bastante comprometida em favor de Frei, assim como muitas autoridades, questionou que Piñera não tenha se desligado de algumas de suas empresas antes de se candidatar, e isso desencadeou a ira do empresário.
"É abusivo o que fez o Governo, usou e abusou dos recursos públicos, das instituições públicas e, inclusive, dos funcionários públicos. A campanha de intervenção que fez não é justa e não é limpa", queixou-se.
"Recomendaria ao candidato da direita um Armonyl (tranquilizante) e tranquilidade, para que não continue insultando. Muita prepotência e arrogância não é bom", respondeu Frei.
O Chile vem de uma década de crescimento e de estabilidade macroeconômica, o que valeu ao país, em janeiro, uma vaga como 31º Estado-membro do seleto clube dos ricos da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
E após 12 meses de contração do PIB devido à crise mundial, as previsões prometem ao futuro chefe de Estado uma retomada sólida de 4,5% em 2010, impulsionada pela recuperação do preço do cobre, do qual o país andino é o maior produtor mundial.
Para o cientista político da Universidade de Santiago, Bernardo Navarrete, "Frei tem chances reais de ganhar no domingo", acrescentou.
Neste cenário incerto, ambos os candidatos saíram nos últimos dias à caça daqueles que anularam seus votos ou que votaram em branco no primeiro turno.
"Se anular, você é nulo", indica uma propaganda de Frei, o mais insistente nesse aspecto.
O governo se comprometeu a fornecer os primeiros números oficiais a partir das 20h00 de Brasília.