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Mundo se mobiliza para socorrer o Haiti

PORTO PRÍNCIPE - A ajuda humanitária e as equipes de socorristas continuam chegando ao Haiti, onde gigantescos recursos militares e financeiros americanos foram mobilizados para ajudar a ilha caribenha, devastada por um terremoto que pode ter matado mais de 100.000 pessoas.

A comunidade internacional se mobilizou para liberar fundos, procurar sobreviventes e encaminhar rapidamente água, alimentos, barracas e medicamento aos haitianos desamparados que vagam pelas ruas da capital em ruínas.

[SAIBAMAIS]A corrida contra o relógio já começou. "Uma ajuda humanitária de massa deve chegar esta noite ao Haiti se quisermos salvar o máximo de vidas possível", avisou Olivier Bernard, presidente da ONG francesa Médecins du Monde, destacando que a situação se torna mais "crítica" 36 horas após o terremoto. "Barracas, barracas e barracas, e uma ajuda financeira rápida" para ajudar as milhares de vítimas do Haiti, o país mais pobre das Américas, pediu a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A OIM começou hoje a distribuir ajuda, em coordenação com o Programa Alimentar Mundial (PAM). A agência da ONU ainda vai enviar dois aviões de ajuda alimentar.

O presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que colocará todo o poderio dos Estados Unidos ao serviço do Haiti. Ele anunciou a liberação imediata de uma ajuda de 100 milhões de dólares. Os Estados Unidos já enviaram ao país do Caribe uma brigada de soldados, um porta-aviões e muitos equipamentos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quinta-feira a entrega em breve de uma ajuda de 100 milhões de dólares ao Haiti.

O Brasil, por sua vez, liberou 15 milhões de dólares e enviou 14 toneladas de alimentos e água potável, além de instalar uma ponte aérea com oito aviões e um hospital de campanha. O Grupo do Rio, que reúne 24 países latino-americanos, conclamou a comunidade internacional a pagar "uma ajuda de emergência".

O Banco Mundial (Bird) assumiu o compromisso de liberar 100 milhões de dólares suplementares para o Haiti, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deve fazer o mesmo.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou que pretende enviar "nos próximos dias" um "especialista encarregado do tratamento e da identificação dos corpos". O CICV já enviou 40 toneladas de medicamentos e kits médicos.

O Japão, terra de terremotos, anunciou nesta quinta-feira uma ajuda de cinco milhões de dólares ao Haiti, assim como o envio posterior de bens de primeira necessidade.

A Indonésia, outro país castigado constantemente por catástrofes naturais, enviará 75 socorristas e médicos.

A Austrália liberou nove milhões de dólares. Cerca de 75 socorristas britânicos com cães e 10 toneladas de equipamentos desembarcaram nesta quinta-feira na República Dominicana, vizinha do Haiti, e devem seguir rapidamente para Porto Príncipe. Londres prometeu 10 milhões de dólares.

Socorristas franceses, canadenses, venezuelanos e chilenos com cães e toneladas de material também são aguardados na capital haitiana. O Canadá ainda enviou dois navios militares, helicópteros e aviões.

A França mobilizou três aviões de transporte militar e um Airbus A310 com cerca de 60 membros da Proteção Civil e 12 toneladas de material, além de dois navios militares.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha se prepara para ajudar cerca de "três milhões de pessoas", ou seja, todas os moradores da área abalada pelo terremoto. Ela lançou um apelo para arrecadar 10 milhões de dólares. Dez equipes da Federação estão a caminho do Haiti, onde 1.700 voluntários já foram mobilizados.

O governo federal do Canadá anunciou que está disposto a dar ao Haiti uma ajuda equivalente à dos cidadãos canadenses, o que levaria o total da assistência canadense a 97 milhões de dólares.

Do outro lado do Atlântico, a Comissão Europeia liberou três milhões de euros e acionou seu sistema de gestão de crises. Os ministros da Ajuda ao Desenvolvimento dos 27 países da União Europeia (UE) vão se reunir segunda-feira para examinar a situação no Haiti.

A Holanda e a Alemanha desbloquearam, respectivamente, dois, e um milhão de euros. A Dinamarca liberou 1,34 milhão de euros, e o Reino Unido prometeu 6,87 milhões de euros. A Espanha decidiu enviar seis aviões.

O ministério russo das Situações de Emergência enviou um avião Il-76 com 20 médicos. Outros aviões russos, inclusive um transportando um hospital móvel, devem seguir. Por fim, o presidente francês Nicolas Sarkozy pediu que o Brasil, os Estados Unidos e o Canadá, além da França, convoquem uma grande conferência para a reconstrução e o desenvolvimento do Haiti.

"Vou propor ao presidente Obama, com quem terei a oportunidade de me reunir nas próximas horas, que Estados Unidos, Brasil, Canadá, e outros, tomem a iniciativa de convocar uma grande conferência para a reconstrução e o desenvolvimento no Haiti", declarou Sarkozy ao final de uma reunião com vários ministros sobre a catástrofe.