HAIA - Miep Gies, a mulher que ajudou a esconder Anne Frank e sua família dos nazistas em Amsterdã durante a Segunda Guerra Mundial, faleceu na segunda-feira aos 100 anos. Miep Gies ocultou e salvou o diário pessoal da adolescente judia alemã que, denunciada junto com sua família, foi deportada para o campo de concentração de Bergen Belsen, onde morreu em 1945.
Nascida em 15 de fevereiro de 1909 em Viena, Miep Gies chegou à Holanda com 11 anos. Na primavera de 1942, aceitou ajudar o patrão Otto Frank, pai de Anna, a esconder toda a família.
Em 6 de julho do mesmo ano, os quatro membros da família Frank, ao lado de outros quatro clandestinos, se refugiaram em um esconderijo montado na parte de trás da casa, construção que também era sede da empresa familiar, Opekta. Durante dois anos, Miep Gies e três colegas ficaram responsáveis por passar alimentos e cuidar da segurança dos procurados. "Não sou nenhuma heroína. Fiz apenas o que pude para ajudar", declarou há alguns anos Miep Gies.
Os oito clandestinos foram denunciados e detidos em 4 de agosto de 1944, e enviados ao campo de concentração. Após a passagem dos nazistas, Miep Gies descobriu no esconderijo os manuscritos de Anne Frank e os conservou com cuidado. Ao fim da guerra, entregou o diário a Otto Frank, único sobrevivente.
A primeira edição do "Diário de Anne Frank", que nunca teria sido conhecido sem a ajuda de Miep Gies, foi publicada em 1947 em holandês com o título "Het Achterhuis". Desde então já foi traduzido para mais de 70 idiomas e é um dos livros mais lidos do mundo. O diário é um testemunho dos sofrimentos das vítimas do nazismo.
Após a publicação, Miep Gies e o marido receberam muitas homenagens internacionais, incluindo o prêmio Raoul Wallenberg de valor e reconhecimento do Estado de Israel como "Justo entre as Nações". Também recebeu a medalha Yad Vashem em 1997.