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Egito: sete pessoas mortas a tiros na véspera do Natal copta

CAIRO - Sete cristiãos coptas e um policial morreram na madrugada desta quinta-feira, vítimas de um ataque na véspera do Natal da fé copta, em uma cidade no sul do Egito, que nesta quinta foi palco de enfrentamentos entre manifestantes e as forças policiais.

"Três desconhecidos em um automóvel dispararam contra os cristãos em um bairro comercial quando faziam suas compras para celebrar o Natal" na cidade de Nagaa Hamadi (sul), indicou uma fonte das forças de segurança egípcias citada pela agência oficial MENA.

Seis cristãos e um policial muçulmano morreram no tiroteio, enquanto outros nove coptas ficaram feridos. O ataque foi dirigido contra membros desta comunidade, que celebra o Natal no dia 7 de janeiro.

Várias testemunhas afirmaram que o ataque era contra coptas que saíam de uma missa na principal igreja de Nagaa Hamadi (700 km ao sul do Cairo).

"Terminamos a missa às 23H00 (21H00 GMT), e me dirigi para o arcebispado, onde vi um homem a bordo de um veículo que disparava com uma arma automática contra todos os coptas que passavam diante do prédio do bispado", contou à AFP Anba Kirolos, bispo copta da cidade.

Os coptas, que representam aproximadamente 8% dos 80 milhões de egípcios e denunciam frequentemente a discriminação e as perseguições que sofrem, foram um dos alvos principais da onda de violência islâmica que marcou o Egito a partir de março de 1992.

O homem "continuou disparando nas ruas da cidade contra os coptas", acrescentou o monsenhor Kirolos, que viu pelo menos cinco feridos em estado grave.

Na manhã desta quinta-feira, houve enfrentamentos entre a polícia e cerca de 2.000 manifestantes coptas, que se concentraram perto do hospital para onde foram levados dois mortos, segundo testemunhas e fontes policiais.

Os manifestantes jogaram pedras contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água.

A situação melhorou no fim da manhã, antes dos funerais das vítimas do ataque, que começaram no início da tarde. Pelo menos 5.000 pessoas acompanharam o cortejo fúnebre.

Segundo a polícia, "o principal agressor é um habitante da cidade chamado Mohamed Ahmed Husein, já fichado pela polícia".

O monsenhor Kirolos, por sua vez, disse que o homem goza de proteção política, apesar de fichado.