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Atentado frustrado nos EUA: pentrita, um explosivo muito potente

A pentrita, uma das substâncias utilizadas no atentado frustrado contra um avião americano entre Amsterdã e Detroit na sexta-feira, é um explosivo muito potente que pode ser ativado com um detonador e forte calor, segundo um especialista consultado pela AFP. Sob anonimato, este especialista em artefatos explosivos destacou que a pentrita (nitropenta nos Estados Unidos), "muito instável e muito sensível ao calor", possui "poder detonador muito forte". A pentrita, associada a uma fonte de calor, explode a 175 graus, explicou, acrescentando que ainda falta determinar todavía que tipo de líquido químico havia na seringa utilizada por Umar Faruk Abdulmutallab. A pentrita, ou tetranitrato de pentaeritritol, é um dos vários compostos nitrados que, como os nitratos e fulminatos se tornaram os principais explosivos modernos, usados sozinhos ou misturados com combustíveis. A explosão destes compostos libera gases tóxicos, basicamente monóxido de carbono (CO) e vapores nitrosos. Segundo uma testemunha das investigações, citado pela rede de televisão americana ABC, o suspeito carregava consigo 80 gramas de pentrita costurada no interior de sua roupa. A pentrita também foi a substância descoberta nos sapatos do britânico Richard Reid, acusado de tentar explodir um avião que ia de Paris a Miami em dezembro de 2001. A pentrita pode ser usada sozinha ou composta, como no famoso semtex, desenvolvido em meados dos anos 60 na então Tchecoslováquia e artefato preferido de terroristas em todo o mundo. O semtex é uma mistura de pentrita e ciclotrimetilenotrinitramina, que junto com um aglutinante e um plastificante, forma uma matéria maleável. O semtex pode ser ativado com um detonador, que também traz uma quantidade pequena de pentrita para desencadear a explosão. O detonador está ligado a uma fonte de energia elétrica (pilha, relógi a pilha, cronômetro). Esta mistura já foi usada na explosão terrorista de aviões, como a do Boeing 747 da Pan Am detonado sobre Lockerbie, na Escócia, em dezembro 1998 (270 mortos). Também foi utilizada em quase todos os atentados cometidos na Irlanda do Norte.