Copenhague - Muito criticado pela comunidade internacional por suas ambições nucleares, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, se descreve como "uma pessoa normal", que vive como qualquer outro pai de família.
"Sou uma pessoa normal, um pai, um irmão, um tio, um amigo", explicou o dirigente em entrevista concedida à AFP em margem da conferência da ONU sobre o clima em Copenhague.
"Tenho uma família (uma mulher, dois filhos e uma filha). Vamos às reuniões de família, saímos, praticamos esportes", acrescentou o homem de 53 anos, reeleito em junho passado para um segundo mandato à presidência do Irã.
"Vivo como todo mundo", afirmou Ahmadinejad, abrindo um sorriso pouco compatível com a virulência de algumas de suas declarações, principalmente sobre Israel e o massacre dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Sexta-feira, em Copenhague, o presidente iraniano multiplicou os encontros oficiais, protagonizou mais uma coletiva exaltada e concedeu algumas entrevistas à imprensa.
Apesar da agenda atribulada, Ahmadinejad não mostrou qualquer sinal de impaciência, de aborrecimento ou de cansaço com os jornalistas no fim do dia, respondendo inclusive a várias perguntas pessoais.
"Quem disse que eu odeio o Ocidente? Só não concordo com algumas coisas feitas por alguns políticos ocidentais desonestos que se comportam mal", alegou.
Durante a entrevista, que durou 45 minutos, o olhar de Ahmadinejad pareceu pegar fogo quando foi mencionada a questão das relações com os Estados Unidos.
"Não temos medo da América", esbravejou, exigindo da comunidade internacional "respeito" e "honestidade", dois valores que impôs como condições para a retomada de um diálogo mais aberto sobre o programa nuclear de Teerã.
"A diferença (entre o Irã e as potências ocidentais) é que no Irã, os políticos falam a mesma coisa em público e em particular. Temos que ser sinceros", sentenciou o ex-prefeito de Teerã, considerado por seus partidários o defensor das classes populares iranianas.
No fim da entrevista, realizada no lobby de um hotel cinco estrelas da capital dinamarquesa, o presidente do Irã levantou, apertou a mão de seus interlocutores e desejou a todos um "feliz Natal".