Como foi a conversa que o senhor teve com a Secretária de Estado dos Estados, Hillary Clinton?
Foi uma boa conversa, comecei mencionando justamente que eu tinha ouvido pela imprensa, mas ainda não li essa questão do fundo de US$ 100 bilhões e essas coisas você sempre tem que ver que digamos, para ser mercado, não diz que só o diabo é que está no detalhe, anjo pode estar no detalhe também. Então a gente precisa saber e ver direitinho como vai se formar esse fundo. Obviamente, dinheiro sempre é uma coisa que tem importância, não é nem para o Brasil, mas para outros países isso é fundamental. Se de fato, esses US$ 100 bilhões existirem e puderem se materializar de maneira que seja crível, que tenha credibilidade, pode ser um fator positivo. Não resolve todos os problemas.
E sobre o que mais falaram?
Expus também o problema de manter a necessidade de manter a integridade de Kyoto, como a proposta dos EUA, de uma certa maneira, está fora desse contexto e isso tem um efeito em função do próprio Estados Unidos, e também um efeito na medida em que contamina outros países e pode fazer baixar o nível. Porque a pior coisa que pode ocorrer aqui é sairmos daqui com um retrocesso em relação ao que existe hoje. Acho que isso foi entendido.
Agora, acho que é questão de procurar encontrar ainda não sei se será fácil, linguagem que resolva esses problemas. Ela mencionou questão de transparência e eu disse que Brasil tem experiência passada de FMI, de intrusão (...) e isso não pode ser aceito, não vamos nunca aceitar que alguém diga quais são as políticas que temos que seguir. O nível de transparência, adequado, ela disse que os Estados Unidos também se submeteria. Mas isso é outra coisa.
Essas coisas todas, volto a dizer, o diabo está no detalhe. Então, quer dizer, a gente pode até achar que essas ideias existem, que há um campo para trabalhar. Mas quando a gente traduz isso em detalhe, é que vemos os problemas maiores aparecerem. Como não estou na negociação a fundo, tenho que transmitir essas coisas para quem está negociando, como a ministra Dilma e o embaixador Figueiredo para ver com se traduz em detalhes.
Ela esclareceu se eles estão dispostos a colocar US$ 100 bilhões por ano ou apoiam que o fundo globalmente chegue a esse valor?
Meu entendimento, porque ela não ficou explicando o programa. Eu entendo que é profundo chegar ao fundo de US$ 100 bilhões por ano. Mas, mesmo assim, um fundo de US$ 100 bilhões por ano é, em princípio, boa notícia. Mas, a gente náo sabe o que é público, quanto é privado, o que depende do mercado. Muitas outras coisas que só olhando no detalhe qjue vc pode dizer se é significativo ou náo.
O Brasil aceitaria avaliar uma participação no fundo?
Não sei, isso tenho que conversar com o presidente. Já temos participação intensa, se contabilizarmos bem o que a gente faz. Temos projetos em etanol que estamos apoiando, apoiando a construção de uma hidrelétrica em Gana, é empréstimo, mas empréstimo favorecido.
O senhor deu alguma orientação ao embaixador Luiz Alberto Figueiredo para as negociações? (Figueiredo é um dos condutores do processo de elaboração do texto das ações de longo termo nas altas negociações - LCA)
Não, eu apenas o informei sobre o que tinha ouvido. Ele está em contato direito com o presidente e não precisa de orientação minha.