GAZA - O primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyé, prometeu nesta segunda-feira (14/12) a milhares de seguidores em Gaza que seu movimento continua decidido a libertar toda a Palestina, o que implicará o desaparecimento de Israel, por ocasião do vigésimo segundo aniversário de sua fundação.
"Jamais renunciaremos à Palestina do rio até o mar", proclamou Haniyé ante a multidão reunida, referindo-se às fronteiras anteriores a 1948, do Mandato Britânico da Palestina, entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão, que engloba a atual Israel, nação criada nesse mesmo ano.
"Não é suficiente para o Hamas libertar Gaza, nem estabelecer um emirado em Gaza, nem um Estado, nem uma entidade independente. O Hamas se esforça por libertar toda a Palestina", afirmou. "Não reconheceremos Israel nem renunciamos a nosso direito a resistência", insistiu o primeiro-ministro.
Milhares de seguidores do Hamas saíram às ruas nesta segunda-feira em Gaza para celebrar o 22º aniversário da criação do movimento islamita. Agitando as bandeiras verdes (a cor do islã) do Hamas, os manifestantes saíram de toda a Faixa de Gaza, de ônibus, carro e a pé, para a comemoração na praça central Al Kuteiba. Alguns carregavam fotos do xeque Ahmed Yassn, líder espiritual e fundador do Hamas morto em um ataque aéreo israelense em 2004.
"Desde sua fundação há 22 anos, o Hamas vem atingindo grande parte de seus objetivos e superando todas as provas: a prisão, o exílio, os assassinatos e as eleições", disse Mahmud Zahar, um dos líderes do movimento que controla a Faixa de Gaza desde junho de 2007.
Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Ezedin al-Qassam (braço armado do Hamas), prometeu que continuariam a luta armada contra Israel. As brigadas Al-Qassam "construíram suas armas com suas mãos, inclusive os foguetes Qassam que aterrorizam o inimigo sionista", disse visivelmente satisfeito, referindo-se aos disparos contra Israel.
Foi exatamente para conter estes disparos de foguetes que Israel lançou uma operação militar devastadora há um ano (27 de dezembro-18 de janeiro), deixando mais de 1.400 palestinos e 13 israelenses mortos.
O Hamas, que significa "Movimento de Resistência Islâmica", foi fundado em 14 de dezembro de 1987, pouco depois do início da primeira Intifada, a sublevação palestina contra a ocupação israelense na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, tomando como base a ideologia dos Irmãos Muçulmanos egípcios. O Hamas venceu as eleições legislativas palestinas de janeiro de 2006 derrotando o Fatah, partido laico leal ao presidente da Autoridade palestina Mahmud Abbas, antes de tomar pela força a Faixa de Gaza em junho de 2007.