Ao perceber que haveria segundo turno das eleições e o candidato do governo não liderava o pleito, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, convocou os ministros e presidentes dos partidos aliados para intensificar as articulações. A ideia é trabalhar para atrair votos e apoio dos simpatizantes de esquerda para garantir a derrota da oposição no dia 17 de janeiro e enterrar a possibilidade de vitória da direita.
Nas eleições de ontem (13/12), o candidato de oposição e de centro-direita, Sebastián Piñeira (Alianza), saiu na frente com 44,23%, enquanto o governista e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación) obteve 30,5%.
Para a equipe de Bachelet e correligionários de Frei-Ruiz é fundamental intensificar o esforço para obter o apoio político e atrair os votos dos outros dois candidatos da esquerda, que não passaram para o segundo turno. A equipe de Frei-Ruiz buscará negociar com o independente Marco Enriquez-Ominami Gumucio e Jorge Arrate (da aliança Juntos Podemos Mais).
Ontem Ominami obteve 19,39% dos votos apurados, enquanto Arrate conseguiu 5,86%. No entanto, os dois candidatos afirmaram, por meio de seus assessores, que só irão se manifestar depois do final da apuração total dos votos.
No entanto, Ominami já avisou que não pretende fazer campanha para nenhum dos candidatos - ele rompeu com a coligação Concertación por discordar da escolha de Frei-Ruiz - embora seu discurso seja de esquerda e sua origem também. Arrate já sinalizou que se unirá a Frei-Ruiz.
O ministro de Obras Públicas, Sérgio Bittar, admitiu que o resultado das urnas surpreendeu o governo. "A diferença (entre Piñeira e Frei-Ruiz) é maior do que esperávamos", disse ele. "Eu acredito que o segundo turno das eleições será muito competitivo", acrescentou o secretário-geral da Presidência da República, José Viera-Gallo.
O presidente do principal partido da aliança Concertación (PPD), Pepe Auth, fez uma análise otimista dos resultados parciais. "Piñeira obteve menos votos do que conseguiu no passado (referindo-se às eleições em que foi derrotado por Bachelet). A brigada está aberta".
A disputa pela sucessão de Bachelet foi marcada por discussões sobre questões políticas e sociais. Mas a divisão da coligação de esquerda, a Concertación, gerou o surgimento de dois candidatos autônomos e dificuldades para Frei-Ruiz.
Cerca de 9 milhões de chilenos foram às urnas. Apesar de as votações serem feitas em cédulas manuais, a contagem dos votos é rápida e organizada.