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Oposição faz nova manifestação em Teerã sob forte vigilância

TEERÃ - A polícia iraniana, enviada em grande número a Teerã, utilizou gás lacrimogêneo contra manifestantes que se aproveitaram nesta segunda-feira (7/12) do "Dia dos estudantes" para lançar gritos de guerra hostis ao presidente Mahmud Ahmadinejad, indicaram testemunhas. "A polícia lançou gás lacrimogêneo contra grupos de manifestantes que gritavam contra o presidente Mahmud Ahmadinejad", declarou uma testemunha, sem precisar o número de pessoas presentes nos protestos. Estes incidentes aconteceram na avenida Enghelab, perto da Universidade de Teerã, segundo esta testemunha. A imprensa estrangeira é impedida de cobrir as manifestações da oposição. Os vistos de trabalho dos jornalistas estrangeiros foram declarados "não válidos" por 48 horas. Segundo a agência Fars, cerca de 2 mil estudantes participaram de um encontro oficial dentro da universidade, lançando slogans para apoiar o guia supremo", o aiatolá Ali Khamenei. Os funerais simbólicos foram organizados para celebrar a morte de três estudantes pela polícia do Shah em 7 de dezembro de 1953 durante uma manifestação antiamericana. "Quase 50 partidários de Mir Hossein Moussavi tentaram perturbar este ato gritando 'Vai, Hossein", acrescentou a Fars. Moussavi, candidato infeliz à presidencia, assumiu a oposição desde o anúncio dos resultados. "Centenas de policiais foram enviados aos arredores da universidade de Teerã e algumas ruas de acesso foram interditadas", declarou uma testemunha. "A polícia também instalou barreiras nas calçadas para controlar o acesso à universidade", acrescentou. Em favor das tradicionais manifestações antiamericanas do "Dia nacional dos estudantes", vários grupos de opositores pediram atos contra a reeleição de Mahmud Ahmadinejad. Um grupo estudante renovou este apelo nesta segunda-feira na internet. "Os estudantes verdes (cor de associação à oposição) universidades do Irã pedem aos estudantes que se reúnam nas universidades de Teerã às 12h (8h30 GMT) e a população a se reunir em frente estas universidades às 15h (11h30 GMT)", escreveu no site dos estudantes de uma das principais universidades da capital. "Os estudantes das universidades e a população vão protestar contra o golpe de Estado", afirmou o texto, em referência ao termo usado por uma parte da oposição para qualificar a reeleição contestada do presidente. As autoridades, que reprimem severamente várias manifestações de opositores desde junho, interditaram todas as manifestações ilegais em torno dos campus e bloquearam a maioria dos sites internet da oposição. O ministro das Ciências e Tecnologia, Kamran Daneshjoo, pediu nesta segunda-feira aos estudantes que sejam sensíveis aos interesses nacionais, em mensagem citada pela agência Irna. O grupo conservador no Parlamento também pediu aos dirigentes da oposição que parem com o entendimento político, segundo a agência Isna. No site (www.kaleme.com), Mir Hossein Moussavi criticou novamente o poder. "Se você impõe o silêncio nas universidades, o que você pode fazer pela sociedade?", indagou, dirigindo-se ao governo.