Na última reunião deste ano entre os presidentes dos quatro países que compõem o Mercosul, nesta terça-feira, os resultados efetivos devem mesmo ficar por conta dos encontros bilaterais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, se reúne com o presidente eleito do Uruguai , José ;Pepe; Mujica, para tratar da interconexão elétrica entre os dois países, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As preocupações do novo presidente uruguaio com a integração energética dos países da América do Sul são antigas. Em 2007, como ministro da pecuária, ele compareceu a uma reunião de trabalho realizada em Isla Margarita, na Venezuela, e foi incisivo no que se refere às dificuldades de fechar acordos na América do Sul nessa área. ;Estamos aprendendo a lição que nos deu a integração europeia, que começou pelo acordo do carvão e do aço, e precedeu os acordos comerciais. Nós começamos pelo contrário e nos demos mal;, comentou Mujica naquela ocasião.
Segundo os diplomatas brasileiros, o tema energia deve ser um dos principais da reunião da próxima semana, uma vez que o encontro ocorre menos de um mês depois da reunião em que Lula e a presidente da Argentina, Cristina Kirschner, discutiram a instalação de represas no Rio Uruguai para abastecer os dois países. O Uruguai deseja o abastecimento de energia diretamente do Brasil ; hoje o abastecimento é via Argentina.
Parlasul
Enquanto os governantes se dedicam a debates sobre infraestrutura e acordos comerciais, o Parlamento do Mercosul tenta puxar a discussão para assunto de interesse mais direto dos cidadãos. Os parlamentares vão entregar ao conselho uma série de propostas aprovadas na semana passada, como, por exemplo, a necessidade de fixação de regras comuns para contratação e de empregadas domésticas, para o trânsito e compra de imóveis, assuntos que sempre ficam em segundo plano nos encontros de cúpula.
Também é voz corrente entre os deputados do bloco que a população dos quatro países só prestará mais atenção na integração quando participar da escolha dos representantes. Só que, até agora, apenas o Paraguai elegeu seus representantes exclusivos. ;Infelizmente, não teremos a eleição em 2010 porque não foi regulamentada. E não tendo eleição, o debate do Mercosul fica restrito aos estados de fronteira, o que é lamentável;, diz o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos 18 representantes do Brasil no Parlasul.