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Otan lança a ofensiva 'Cólera da cobra' no sul do Afeganistão

CABUL - Mais de mil soldados da Otan, em sua maior parte americanos, lançaram uma ofensiva de grande envergadura na província afegã de Helmand (sul), reduto dos islamita talibãs, informou nesta sexta-feira a Aliança Atlântica em um comunicado.

A operação, batizada "Cólera da cobra", é realizada pela Força Internacional de Assistência e Segurança (Isaf, sob comando da Otan) junto a tropas afegãs, e estava prevista desde antes de o presidente Barack Obama anunciar na terça-feira o envio de um reforço de 30.000 militares ao Afeganistão.

Cerca de 900 marines americanos participam na ofensiva, junto a 150 soldados e policiais afegãos e unidades britânica.

Em julho, cerca de 4.000 marines chegaram à província para a primeira grande ofensiva dos reforços enviados pela administração Obama.

Mais que um simples reduto dos talibãs, a província de Helmand é um dos principais motores econômicos da rebelião por sua produção maciça de ópio.

Sozinha, Helmand, a maior província do país, produz cerca de 50% do ópio mundial, segundo a ONU.

A ofensiva "Cólera de Cobra" acontece depois do anúncio do presidente Obama de um reforço de soldados americanos extras para derrotar os talibãs.

Na sede da Otan, em Bruxelas, os aliados dos Estados Unidos no Afeganistão prometeram nesta sexta-feira enviar pelo menos 7.000 soldados a mais em 2010, em resposta ao pedido de Washington para reforçar a presença militar para vencer os talibãs de uma vez por todas.

Segundo o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, pelo menos 25 países - dos 43 que integram a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no Afeganistão, dirigida pela Otan - indicaram que enviarão mais tropas em 2010.

No total, os membros da Isaf propuseram o envio de 7.000 soldados, que se somarão aos 33.000 já anunciados por Washington.

Rasmussen fez estas declarações depois de uma reunião dos 28 chefes da diplomacia da Otan, reunidos desde quinta em Bruxelas, com o resto dos países que integram a Isaf.

Apesar de Rasmussen se negar a dizer que países prometeram reforçar seus contingentes, alguns já o fizeram a título individual nos últimos dias.

Por ora, a Grã-Bretanha confirmou uma contribuição de 1.200 soldados extras, a Itália garantiu mais mil e a Eslováquia 250, enquanto que a Polônia estuda enviar 600.

À margem da Otan, a Geórgia disporá de mil militares e a Coreia de Sul de outros 500.

Esta é a primeira reposta conjunta dos países aliados ao pedido dos Estados Unidos de que apoiem seu esforço de enviar 33.000 soldados adicionais para adotar uma nova estratégia visando à segurança dos civis afegãos e acabar com a insurgência.

"Os Estados Unidos estão extremamente satisfeitos com a forte contribuição da Otan às forças internacionais que combatem no Afeganistão", declarou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

Oito anos depois de tirar os talibãs do poder, mais de 40 países se preparam para aumentar a quantidade de tropas no Afeganistão até aproximadamente 150.000 em 18 meses, para lançar uma nova ofensiva contra a rebelião.