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Ex-mafioso volta a acusar Berlusconi de cumplicidade com a Cosa Nostra

TURIM - O mafioso arrependido Gaspare Spatuzza voltou a acusar nesta sexta-feira (4/12), em audiência pública num tribunal de Turim (norte), o chefe de Governo italiano Silvio Berlusconi de cumplicidade com a Cosa Nostra. "Conseguimos tudo graças à seriedade dessas pessoas", afirmou Spatuzza sobre Berlusconi e seu amigo e colaborador siciliano Marcello Dell'Utri, ao se referir aos elogios feitos por Giuseppe Graviano, chefão do temido clã da máfia siciliana. "Eles deixaram a cidade em nossas mãos", enfatizou. "Essa acusação é uma loucura, é algo incrível, nosso governo é o que mais lutou contra a máfia", comentou Berlusconi durante o conselho de ministros, segundo indicaram fontes do governo à imprensa. Segundo o arrependido, um assassino condenado, Graviano se vangloriava do apoio obtido por "essas pessoas sérias". Spatuzza, que estuda teologia na prisão, começou a colaborar com a justiça no final de 2008, o que obrigou os juízes a abrir vários processos arquivados. Para o arrependido, Berlusconi e o senador Dell'Utri eram os interlocutores privilegiados no mundo da política do mafioso Graviano, que ordenou as matanças em 1992 dos juízes antimáfia e dos atentados em 1993 que semearam pânico em Roma, Florença e Milão. No fim de semana passado, Berlusconi ameaçou estrangular os autores de filme e livros sobre a Cosa Nostra, pois os mesmos projetam uma triste imagem da Itália para o mundo. "Se eu encontrar o autor das sete temporadas de "The Octopus" (série televisiva de grande sucesso na Itália) e quem escreve livros sobre a máfia, dando uma imagem ruim da Itália para o mundo, juro que os estrangulo", afirmou Berlusconi em uma reunião de militantes de seu partido em Olbia (Sardenha). Berlusconi classificou como falsas e infames as informações da imprensa que mencionam a hipótese de sua participação em atentados cometidos pela máfia em 1992 e 1993. O procurador-chefe da promotoria de Florença, Giuseppe Quattrocchi, desmentiu no sábado as informações da imprensa segundo as quais uma investigação por associação mafiosa teria sido iniciada contra Berlusconi e seu fiel colaborador Marcello Dell'Utri sobre tais massacres. A investigação sobre os atentados de 1993, em especial um em Florença, foi arquivado em 1998, mas podem ser reabertas graças às declarações à justiça do ex-mafiosoGaspare Spatuzza. Marcello Dell'Utri, ex-senador, começou sua vida profissional como bancário na Sicília antes de entrar no Fininvest, holding de Silvio Berlusconi. Dell'Utri é um dos fundadores do Força Itália, movimento criado em 1994 para lançar Berlusconi na política. Acusado de ter sido o "intermediário e o homem providencial" para preparar a chegada à cena política italiana das forças ligadas à Cosa Nostra, Dell'Utri foi condenado a nove anos de prisão por associação mafiosa, mas apelou da sentença. "Berlusconi bem poderia explicar aos italianos por que se apresentou e manteve a seu lado pessoas como Dell'Utri, condenado por assuntos mafiosos em primeira instância", comentou Antonio di Pietro, líder do partido de oposição Itália dos Valores.