A poucas horas do início do discurso em que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciaria sua estratégia para o Afeganistão, dois importantes aliados se pronunciaram sobre um eventual reforço às forças internacionais no país. Enquanto o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e o ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, afirmaram que seus governos poderão enviar mais homens ao território afegão, a França declarou que não aumentará o contingente. Um dia antes, o governo britânico já havia anunciado um reforço de 500 militares. A Casa Branca confirmou que Obama telefonou, no início da semana, para os chefes de Estado e de governo dos três países e da Rússia para falar de sua estratégia e pedir mais soldados.
[SAIBAMAIS]Falando à imprensa no fim da Cúpula Ibero-Americana em Estoril (Portugal), Zapatero disse que conversaria com o vice-presidente americano, Joe Biden, mas que a resposta a um pedido por mais tropas seria positivo. Ele, no entanto, lembrou que o reforço deverá ser aprovado pelo Parlamento e que será feito "no tempo e na forma da Espanha". Atualmente, o país possui mil homens no Afeganistão, sendo que 220 deles foram enviados recentemente, após a aprovação do Congresso, em 23 de setembro.
A Itália também considera atender aos pedidos de Obama e enviar mais soldados. No entanto, a decisão só será anunciada após o encontro do chanceler italiano, Franco Frattini, com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, nos "próximos dias". O ministro La Russa reiterou a disposição de seu governo em ceder mais soldados. "Até porque enfrentar as ameaças no Afeganistão significa manter longe das nossas cidades o perigo do terrorismo", justificou.
Em Paris, o representante especial do presidente Nicolas Sarkozy para o Afeganistão e o Paquistão, Thierry Mariani, disse que seu governo já %u201Cdescartou o envio de tropas de combate%u201D, mas pode mobilizar militares para a capacitação e a formação de forças locais. "Podemos enviar militares para formar a polícia e o exército afegãos. Nosso esforço suplementar pode tomar diversas formas", afirmou Mariani à agência France Presse. Segundo ele, a possível ajuda para o treinamento de militares afegãos tem sido examinada "com prioridade". "A França dará sua resposta dentro de algumas semanas", garantiu. O Palácio do Eliseu mantém 3.750 soldados no Afeganistão. De acordo com o jornal Le Monde, Obama teria pedido mais 1,5 mil militares franceses. Mariani só disse que o presidente americano teria pedido, no total, mais 10 mil homens a seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Antes do discurso de Obama, programado para ter início às 23h (em Brasília), a imprensa norte-americana já dava como certo o anúncio de um prazo de três anos para o fim da guerra no Afeganistão. Segundo a rede de TV CNN, fontes do governo asseguraram que o início da retirada das tropas americanas deve começar antes do início de 2013, quando expira o mandato de Obama. A expectativa era de que o presidente anunciasse, na Academia Militar de West Point, em Nova York, o envio de, pelo menos, 30 mil soldados norte-americanos ao Afeganistão nos próximos seis meses - o deslocamento de tropas poderia começar ainda em dezembro.
Iraque
Um balanço que compila dados dos ministérios da Defesa, do Interior e da Saúde do Iraque revelou que novembro foi o mês com menos vítimas desde o início da ação norte-americana: nas últimas quatro semanas, foram registradas as mortes de 88 civis, 22 policiais e 12 soldados. A redução no número de baixas, após um período de escalada de violência provocada pela decisão de Washington em iniciar a retirada de suas forças no país, representa uma significativa vitória para Obama. No mês de outubro, morreram 343 pessoas - 155 perderam a vida em um duplo atentado suicida perpetrado contra os prédios do Ministério da Justiça e do governo de Bagdá. De acordo com o site não governamental Iraq Body Count, mais de 94 mil civis morreram desde o início da guerra no Iraque.