WASHINGTON - Osama bin Laden quase foi capturado pelas forças dos Estados Unidos no final 2001, mas escapou porque o então secretário da Defesa do governo de George W. Bush, Donald Rumsfeld, negou os pedidos de envio de reforços, revela um relatório do Senado americano que será divulgado nesta segunda-feira.
O relatório foi elaborado para ajudar a atual administração a aprender com as lições do passado num momento em que o presidente Barack Obama se prepara para anunciar sua nova estratégia no Afeganistão.
A responsabilidade cai diretamente em Rumsfeld, que negou os pedidos feitos em dezembro de 2001 para enviar reforços ajudar na captura de Bin Laden, então escondido nas cavernas de Tora Bora, uma das áreas montanhosas do Afeganistão.
"O vasto poder militar americano, das equipes de atiradores de elite às divisões móveis da marinha e do exército, foram mantidas de lado. Ao invés disso, o comando americano se apoiou em ataques aéreos e milícias afegãs sem treinamento para atacar Bin Laden".
Intitulado "Tora Bora revista: como falhamos em capturar Bin Laden e porque isso é importante hoje", o relatório diz que, na época, acreditava-se que Bin Laden estava para morrer e até mesmo escreveu um testamento.
"A decisão de não enviar forças americanas para ir atrás de Bin Laden ou bloquear sua fuga foi tomada pelo secretário de Defesa Donald Rumsfeld e seu principal comandante, Tommy Franks," afirma o relatório.
"Por volta de 16 de dezembro, dois dias depois de escrever seu testamento, Bin Laden e seus guarda-costas saíram sem problemas de Tora Bora e desapareceram na área tribal do Paquistão. A maioria dos analistas diz que ele ainda se encontra lá".
O argumento de Rumsfeld na época, segundo o informe, foi que mobilizar tantas tropas americana poderia colocar em perigo a missão por criar uma reação contrária entre a população local.
O relatório diz ainda que o vice-presidente Dick Cheney e outras autoridades defenderam a decisão argumentando que as informações da inteligência não eram conclusivas sobre a localização de Bin Laden.
O texto admite ainda que capturar ou matar o líder da Al-Qaeda não eliminaria a ameaça de terrorismo mundial.
"Mas as decisões que abriram as portas para sua fuga para o Paquistão permitiram a Bin Laden emergir como uma potente figura simbólica, que continua a atrair um sólido fluxo de capital e inspira fanáticos no mundo todo".
"O fracasso em terminar o trabalho representa uma perda de oportunidade que para sempre alterou o curso do conflito no Afeganistão e o futuro do terrorismo internacional, deixando o povo americano mais vulnerável ao terrorismo".
O documento enfatiza que, quando os Estados Unidos entraram em guerra pouco menos de um mês depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, a missão era bem clara: destruir a Al-Qaeda e matar ou capturar Bin Laden.
"Hoje, mais de oito anos depois, nos encontramos lutando contra uma crescente e perigosa insurgência no Afeganistão e no vizinho Paquistão".
"Nossa falta de habilidade em terminar o trabalho no final de 2001 contribuiu para o conflito de hoje que coloca em perigo não apenas nossas tropas e as de nossos aliados, mas a estabilidade de uma região volátil e vital".