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Ex-ditador argentino nega ter roubado filhos de desaparecidos

BUENOS AIRES - O ex-ditador argentino Jorge Videla negou ter roubado e entregue a terceiros os filhos de desaparecidos políticos, afirmou seu advogado neste sábado, dentro de uma investigação sobre a origem dos filhos adotivos da dona do grupo de comunicação Clarín, Ernestina de Noble.

"Não entreguei criança alguma a ninguém ", limitou-se a repetir Videla, de 84 anos, ante o juiz encarregado da causa, informou o advogado de defesa Luis Boffi Carri Pérez.

O ex-ditador (1976/1981), detido no quartel militar de Campo de Mayo (periferia noroeste), é processado por centenas de crimes contra a Humanidade.

Videla foi condenado à prisão perpétua em 985, depois indultado em 1990, e voltou a ser detido em 1998 acusado de roubo sistemático de bebês durante a ditadura (1976/83). O indulto de 1990 foi anulado pela justiça em 2007.

Cerca de 500 filhos de desaparecidos, a maioria nascido durante o cativeiro das mães, foram roubados e dados para adoção ilegal durante a ditadura.

Videla foi citado a prestar depoimento depois que o ex-empresário do setor jornalístico José Pirillo declarou há alguns meses que o diretor do Clarín, Héctor Magnetto, havia lhe contado há muitos anos que fez "gestões pessoais para que Videla conseguisse as crianças para Ernestina de Noble".

A ação foi aberta há mais de sete anos por duas famílias que suspeitam que os dois filhos adotivos de Noble, hoje adultos, podem ser filhos de seus parentes desaparecidos.