TEERÃ - O Irã desmentiu nesta sexta-feira (27/11) ter confiscado o Prêmio Nobel da Paz da advogada Shirin Ebadi, como acusou a Noruega, e apresentou um prosteto contra as autoridades norueguesas, informou a agência Irna.
No entanto, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, pareceu confirmar implicitamente o bloqueio da conta bancária da advogada - como foi denunciado por um dos colegas da advogada - ao mencionar a recusa dela em pagar impostos.
"A nós surpreende que as autoridades norueguesas adotem uma posição tendenciosa, ignorando leis respeitadas por todos", afirma o porta-voz em comunicado citado pela Irna. "Nós não compreendemos por que as autoridades norueguesas tentam justificar a negligência e a recusa das pessoas em pagar impostos sobre os bens e em semear dúvidas (sobre o sistema judical de certos países)", acrescentou. "Nós protestamos contra atitudes semelhantes", insistiu.
Segundo informações de um colega da Prêmio Nobel, o Irã teria congelado a conta bancária de Shirin Ebadi para pressionar a defensora dos direitos humanos e enérgica crítica do regime islâmico. "A quantia foi bloqueada em virtude de seu prêmio ter sido depositado em uma conta bancária utilizada para ajudar os presos políticos e suas famílias", declarou Mohamad Ali Dadjah, membro fundador da associação de defesa dos direitos humanos de Ebadi.
Na quinta-feira, o governo da Noruega denunciou que as autoridades iranianas confiscaram o Prêmio Nobel da Paz concedido em 2003 à advogada Shirin Ebadi. "Estamos indignados e nos distanciamos de semelhantes ações", declarou o ministro norueguês das Relações Exteriores, Jonas Gahr Stoere.
A medalha e o diploma Nobel de Shirin Ebadi, assim como outros objetos pessoais, foram retirados de um cofre bancário. O Nobel da Paz foi concedido à advogada iraniana por seus esforços em favor da democracia e dos direitos humanos na República Islâmica.
O Comitê do Nobel também vai protestar contra o confisco. "Nunca uma pessoa premiada foi tratada dessa maneira. Mesmo opositores políticos como (o russo Andrei) Sakharov ou (o polonês Lech) Walesa foram mais bem recebidos em seus países", disse Geir Lundestad, secretário do Comitê, evocando os Prêmios Nobel da Paz concedidos durante a Guerra Fria.