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Honduras elege no domingo sucessor de Zelaya

Os hondurenhos se preparavam nesta quinta-feira para eleger no domingo o sucessor do presidente deposto, Manuel Zelaya, em uma votação que parte da comunidade internacional não reconhecerá, além de ser boicotada por parte da população. No total, 4,6 milhões de hondurenhos estão convocados para participar do pleito, organizado pelo governo de fato de Roberto Micheletti, que depôs Manuel Zelaya com um golpe de Estado em 28 de junho. [SAIBAMAIS]Para dissipar as dúvidas sobre a legitimidade do processo, Micheletti decidiu se afastar do governo até o dia 2 de dezembro. Zelaya foi derrubado por violar o artigo 239 da Constituição, que rejeita a reeleição presidencial e prevê que qualquer um que apoiar a medida, "direta ou indiretamente, será demitido de imediato de seu cargo, sendo inabilitado para a função pública pelo prazo de dez anos". A bola está agora com o Congresso, que se reunirá no dia 2 de dezembro para decidir a volta de Zelaya ao poder até a posse do futuro presidente, como prevê o acordo de Tegucigalpa/San José. O Congresso decidirá após analisar os pareceres da Suprema Corte de Justiça e de outras três instituições. A Suprema Corte entregou hoje seu parecer sobre a questão e, ao que parece, concluiu que Zelaya cometeu seis crimes. O presidente do Supremo, Jorge Rivera, disse à AFP que entre os crimes figuram traição à pátria, desobediência à Justiça e abuso de autoridade. Zelaya está refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde chegou no dia 21 de setembro, após voltar clandestinamente a Honduras. A batalha de Zalaya agora é convencer a comunidade internacional a não reconhecer estas eleições, que segundo ele são "ilegais", enquanto o regime de fato aposta na votação para superar uma das piores crises políticas da história recente de Honduras. Estados Unidos, Panamá e Peru já manifestaram seu apoio à eleição, que também apontará deputados e autoridades municipais, enquanto Brasil, Argentina, Espanha e Venezuela rejeitam a legalidade do processo. Internamente, o movimento de Resistência ao Golpe de Estado trata de convencer os eleitores a não votar no domingo para não "legalizar o golpe". Diante do medo de represálias e em meio ao descontentamento gerado pela crise, a principal questão agora é o índice de participação das eleições, em um país onde apenas 52% dos eleitores votou nas eleições passadas. Há cinco candidatos à presidência, mas apenas dois têm possibilidades reais de chegar à presidência: Porfirio Lobo, do Partido Nacional (PN, direita) e Elvin Santos, do Partido Liberal (PL, direita), o mesmo de Zelaya e Micheletti.