Jornal Correio Braziliense

Mundo

Família de Jean Charles aceita indenização oferecida pela polícia britânica

A família, em Londres, do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia, em 2005, chegou a um acordo com a Scotland Yard para uma indenização, anunciaram as duas partes em comunicado publicado nesta segunda-feira.

Os familiares de Jean Charles estão "satisfeitos" com o acordo, "que lhes permite deixar para trás o acontecimento e seguir adiante com suas vidas", acrescentou o documento.

[SAIBAMAIS]No Brasil, no entanto, a mãe de Jean Charles declarou desconhecer o acordo com a Scotland Yard sobre o total da indenização.

Segundo o site G1, Maria Otone de Menezes afirmou não ter sido informada: "não estou sabendo de nada. Para mim, tudo está parado".

O texto, assinado durante as negociações que ambas as partes realizaram semana passada, não indicou qualquer valor, por enquanto.

No entanto, o jornal britânico Daily Mail publicou nesta segunda-feira que a família poderia receber somente um terço das 300.000 libras que seus advogados sugeriram que pedisse de indenização.

"O pagamento final pode ser de 100.000 libras", publicou o jornal, destacando ainda que a quantia está submetida a uma cláusula confidencial.

Segundo o Daily Mail, a indenização será reduzida porque "a família Menezes é pobre e não podia esperar muito apoio financeiro do eletricista". Também pesa o fato de que Jean Charles não era casado nem tinha filhos.

Além de representar, apenas, um terço do que os advogados da família deram a entender há alguns meses que solicitariam, correspondem a 25% das 400.000 libras recebidas pelo chefe de polícia de Londres na época, Ian Blair, após sua demissão no fim de 2008, de acordo com o mesmo jornal.

Até hoje, a família de Jean Charles recebeu apenas 15.000 dólares da polícia para pagar os custos do traslado do corpo e do funeral em sua cidade natal de Gonzaga, no estado de Minas Gerais.

Jean Charles de Menezes, 27 anos, recebeu sete tiros na cabeça de policiais que o confundiram com um terrorista na estação de metrô de Stockwell em 22 de julho de 2005.

A operação aconteceu um dia depois de uma tentativa frustrada de repetir os ataques de 7 de julho, quando 52 pessoas morreram em atentados suicidas nos transportes públicos de Londres.

Apesar do júri que participou na investigação judicial do ano passado ter apontado várias falhas na atuação da polícia, não conseguiu avançar além de um veredicto inconcluso.

Mais de quatro anos após a tragédia, nenhum agente da Scotland Yard foi processado ou punido individualmente.

O atual chefe de polícia, Paul Stephenson, pediu uma vez mais desculpas à família por esta "trágica morte" reiterando "a inocência da vítima", de acordo com o comunicado desta segunda-feira.

Num primeiro julgamento, em 2007, a Scotland Yard foi condenada a pagar 175.000 libras de multa por infringir as leis de saúde e de segurança públicas e a reembolsar as custas do processo, que se elevou a 385.000 libras, mas em todo esse tempo nenhum de seus agentes foi processado ou punido individualmente.