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Famílias das vítimas do acidente na mina de Hegang estão furiosas e pedem esclarecimentos

HEGANG - As famílias das vítimas da explosão ocorrida sábado em uma mina do nordeste da China estão furiosas e pedem uma prestação contas: o número de mortos está em 104 e deve aumentar, segundo as autoridades. Nesta segunda-feira (23/11), em Hegang, na província de Heilongjiang, perto da fronteira russa, as autoridades enfrentaram o desespero e a ira das famílias das vítimas, 48 horas após o mais grave acidente de mineração em dois anos. Em frente a um dos escritórios da mina Xingxing, de propriedade da empresa estatal Longmai, um grupo de mulheres esperava por notícias, em meio a gritos e muito choro. "Não sei nada do meu marido, ele tem 42 anos e eu 40", disse uma delas, sendo levada para dentro do escritório ao lado de outra mulher, que procurava o irmão. Mais tarde, dezenas de pessoas se reuniram, aparentemente para manifestar a revolta, mas a polícia bloqueou a área e impediu a aproximação dos jornalistas. Zhang Jinguang, porta-voz da mina, afirmou que a situação não tinha nenhuma relação com a catástrofe e indicou que organizou uma ajuda psicológica para acompanhar as famílias. Segundo o jornal China Daily, cada família vai receber pelo menos 250.000 yuans (24.600 euros) de compensação. Os primeiros elementos da investigação destacam a responsabilidade dos administradores no acidente. "O sistema de responsabilidade para a segurança da mina não funcionou, não havia controle suficiente dos riscos potenciais", declarou ao canal de televisão nacional CCTV Luo Lin, diretor da administração do Estado para a segurança no trabalho. "Este acidente está evidentemente relacionado a uma irresponsabilidade", completou. Além disso, as autoridades abriram uma investigação para determinar se houve um acordo entre os administradores da mina e os funcionários locais para não aplicar as regras de segurança. Os dois principais diretores e o engenheiro chefe da mina foram demitidos, segundo a imprensa chinesa. Ainda nesta segunda-feira é possível ver a fumaça saindo de uma das entradas da mina. Os homens encarregados do socorro procuram os últimos quatro trabalhadores desaparecidos. Esta é a catástrofe mais grave registrada em uma mina desde a ocorrida em Shanxi (norte do país) em 2007, que causou 105 mortos. A explosão de sábado aconteceu quando 528 trabalhadores estavam em uma mina, mas 420 deles conseguiram sair a tempo, graças à detecção de níveis anormais de gás 50 minutos antes da explosão. O governador da província, Li Zhanshu, declarou no domingo: "O desenvolvimento é a primeira prioridade, mas ele não pode ser feito às custas do sangue e da vida dos trabalhadores".