PEQUIM - O dissidente chinês Huang Qi, detido ano passado por ter criticado as autoridades depois do terremoto de Sichuan, foi condenado nesta segunda-feira (23/11) a três anos de prisão por posse ilegal de segredos de Estado, anunciou a família do réu.
Huang Qi, 46 anos, se declarou inocente ao comparecer em agosto a um tribunal da capital de Sichuan, Chengdu, mas a corte o declarou culpado, informou sua esposa, Zeng Li. "Com certeza vamos apresentar um recurso de apelação", declarou Zeng Li. A condenação não foi confirmada pelo tribunal.
O advogado de Huang, Mo Shaoping, criticou a sentença e afirmou que os documentos alegados para a mesma estavam disponíveis na internet, sem apresentar mais detalhes sobre o conteúdo dos mesmos. "Não reconhecemos este veredicto e afirmamos que Huang é inocente", disse.
Huang Qi foi detido em junho de 2008 em Chengdu depois de ter apoiado os pais das crianças mortas um mês antes nas escolas de Sichuan no terremoto que devastou a região. Também respaldou o pedido de prestação de contas ao governo pela qualidade ruim dos edifícios. Tan Zuoren, outro militante que investigou a tragédia, também foi processado por subversão, mas o resultado de seu julgamento ainda não foi anunciado.
Várias escolas desabaram no terremoto de 12 de maio de 2008, provocando a morte de 5.335 crianças, ao mesmo tempo que os edifícios oficiais próximos resistiram ao tremor. Muitos pais denunciaram a corrupção das autoridades locais e afirmaram que esta era a causa da péssima qualidade dos prédios das escolas.
Huang Qi ficou preso de 2000 a 2005 por "tentativa de subversão do Estado", por um site criado por ele, que denunciava casos de corrupção no governo.