O Papa Bento XVI recebeu neste sábado 260 artistas, em maioria italianos, na suntuosa Capela Sistina, no Vaticano, e lhes pediu que não temessem que a fé afete sua arte.
"A fé não afeta sua genialidade ou sua arte. Muito pelo contrário, ela a exalta e a alimenta", declarou Bento XVI aos artistas que convidou para estreitar os laços entre a Igreja católica e o mundo da cultura, 45 anos depois de uma iniciativa semelhante do Papa Paulo VI. "Não tenham medo de dialogar com os crentes", acrescentou.
Todas as artes estavam representadas na delegação de artistas que foi ao Vaticano neste sábado. A maioria deles era italiana. Cerca de 30 estrangeiros, entre eles o diretor de cinema britânico Peter Greenaway, a pianista canadense Angela Hewitt, o arquiteto suíço Mario Botta e o escultor Igor Mitoraj, integraram a comitiva.
Dirigindo-lhes uma "saudação cordial, amistosa e apaixonada", o Papa exortou os artistas a serem "os guardiões da beleza autêntica, a que abre o coração humano ao desejo profundo de conhecer, amar, ir na direção do outro e se superar".
"É preciso construir um novo humanismo", disse Bento XVI em discurso erudito, repleto de citações de personalidades como Dostoievski, George Braque, Michelangelo e Herman Hesse.
O Papa exortou os artistas, sejam eles crentes ou não, a "serem gratos e plenamente conscientes da grande responsabilidade de comunicar a beleza". "Sejam anunciadores e testemunhas da esperança para a humanidade", pediu Bento XVI aos artistas.
O encontro "simboliza o desejo de diálogo entre a Igreja e o mundo das artes, que deverá necessariamente se desenvolver em etapas posteriores", explicou Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifical da Cultura, ao anunciar o evento, no início deste mês.