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Ashton promete mostrar que é 'a melhor' para dirigir diplomacia da UE

LONDRES - A nova face visível da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pouco conhecida mesmo na Grã-Bretanha, seu próprio país, se defendeu nesta sexta-feira (20) das críticas sobre sua falta de experiência e prometeu mostrar que é "a melhor pessoa" para o cargo.

Os líderes dos 27 países membros da União Europeia (UE), reunidos na noite de quinta-feira em Bruxelas, surpreenderam ao nomear a baronesa Ashton de Upholland, atual comissária europeia de Comércio, para o cargo de Alta Representante da UE para as Relações Exteriores e da Política de Segurança.

Cathy Ashton, como prefere ser chamada a britânica de 53 anos, teve uma carreira bastante discreta, ocupando durante menos de uma década, até 2008, cargos de segundo escalão no governo trabalhista britânico, sem jamais ter sido eleita em uma votação popular.

A imprensa europeia - em particular a britânica - criticou em uníssono sua nomeação e questionou sua capacidade de ser a voz da Europa no mundo, munida de apenas de seu modesto currículo e de sua pouca experiência.

"Da obscuridade, a mulher mais poderosa do Reino Unido", resumiu em sua capa o jornal The Guardian.

Ashton, no entanto, respondeu nesta sexta-feira à maré de descrença em uma entrevista à rádio BBC: "nos próximos meses, vou mostrar que sou a melhor pessoa para este posto", afirmou.

"Apesar de nunca ter sido eleita, passei 28 anos negociando em todo tipo de fórum", declarou Ashton.

"Trabalhei com ministros do mundo inteiro, razão pela qual acredito não ser tão extraordinário para mim pensar em aceitar o cargo", argumentou. "Espero que minhas aptidões pessoais mostrem, afinal, que sou a pessoa mais adequada".

Quando assumir seu novo posto, no dia 1; de dezembro, Catherine Ashton se transformará, em tese, em uma das mulheres mais poderosas do mundo, atrás apenas da secretária de Estado americana Hillary Clinton - que na quinta-feira referiu-se a Ashton como "minha colega" - e da chanceler alemã Angela Merkel.

O fato de ser mulher foi uma das razões que pesou sobre sua designação em detrimento de candidatos como o ex-primeiro-ministro italiano Massimo D;Alema ou o ministro espanhol de Assuntos Exteriores Miguel Angel Moratinos, favoritos após a desistência do secretário do Foreign Office britânico David Miliband.

"Ela tem muita experiência e também a vantagem de ser socialista, inglesa e mulher", declarou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, indagado sobre a escolha de Ashton para o cargo, destacando seu papel durante a o processo de ratificação do Tratado de Lisboa no Parlamento.

Para o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, a nomeação de Cathy Ashton fará com que "a voz da Grã-Bretanha seja alta e clara" e "garantirá que continuaremos, como queremos estar, no coração da Europa".