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Congresso analisa restituição de Zelaya em 2 de dezembro

O Congresso Nacional hondurenho analisará a volta ao poder do presidente deposto, Manuel Zelaya, no próximo dia 2 de dezembro, três dias após as eleições gerais, anunciou nesta terça-feira o presidente do Parlamento, José Alfredo Saavedra. [SAIBAMAIS]"Decidimos, com os demais companheiros da direção do Congresso, oficializar, a partir de hoje, a convocação para o próximo dia 2 de dezembro (...) da sessão plenária sobre o tema relacionado ao ponto número 5 do Acordo de Tegucigalpa/San José", declarou Saavedra à rádio local. O acordo, assinado em 30 de outubro pelas comissões negociadoras do governo de fato, liderado por Roberto Micheletti, e de Manuel Zelaya, entrega ao Congresso a decisão de restituir o presidente deposto pelo golpe de estado de 28 de junho passado. O acerto, fechado sob a pressão dos Estados Unidos, prevê que o Congresso hondurenho consulte várias instituições, entre elas o Supremo Tribunal, que não tem prazo para emitir seu parecer. Até o momento, apenas a Comissão de Direitos Humanos enviou seu parecer aos congressistas. Segundo Saavedra, a decisão do Supremo deve ser enviada ao Congresso "na próxima semana". Zelaya enviou no sábado passado uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reafirmando sua decisão de ignorar o acordo firmado com o governo de fato. Segundo Carlos Eduardo Reina, assessor de Zelaya, o presidente deposto "desistiu da restituição" para não legitimar um "golpe de Estado e um processo eleitoral fraudulento". "Zelaya é o presidente eleito de Honduras e seguirá sendo até 27 de janeiro", data da posse do vencedor das eleições de 29 de novembro, afirmou Reina na véspera. Depois, "continuará de outra trincheira lutando pelas mesmas causas que o levaram à presidência". Segundo Reina, o presidente Zelaya não tem qualquer previsão para abandonar a embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde 21 de setembro passado. "Ainda não há qualquer plano" para sair da embaixada do Brasil, "acredito que ao menos até a realização das eleições ele (Zelaya) estará aqui na embaixada, como símbolo". "Até agora também não se falou, em nenhum momento, em asilo político" de Zelaya, que "está como convidado na embaixada do Brasil, e nada indica que isto possa mudar". Zelaya voltou clandestinamente a Honduras após ter sido derrubado e expulso do país por um golpe de Estado, em 28 de junho passado, em meio à tentativa de realizar um referendo para mudar a Constituição e aprovar a reeleição presidencial.