O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, iniciou ontem sua viagem de uma semana pela Ásia tentando garantir, com o Japão, a continuidade de uma parceria política e militar que completará 50 anos em 2010. A primeira escala, que antes seria considerada a mais tranquila de um roteiro que inclui China, Cingapura e Coreia do Sul, acabou se tornando imprevisível por conta do novo governo em Tóquio e pelos recentes protestos contra a presença de uma base militar americana na ilha japonesa de Okinawa. O dia, no entanto, terminou com a garantia, pelos dois lados, de ;renovar a aliança para enfrentar os desafios do século 21;.
;Eu e Yukio (Hatoyama, novo primeiro-ministro japonês) fomos eleitos com a promessa de mudança. Mas não devem haver dúvidas: enquanto conduzimos nossos países para uma nova direção, a aliança vai permanecer e nossos esforços serão mais fortes e bem-sucedidos;, disse Obama após seu primeiro encontro com o governante japonês. Segundo ele, a parceria entre os dois países é a base da segurança e da prosperidade para a região da Ásia e do Pacífico.
A renovação da aliança, contudo, será acompanhada de uma ;revisão;, que deverá tratar inclusive da presença de 47 mil soldados americanos no país. Hatoyama, que assumiu o poder indicando a intenção de diminuir a dependência em relação aos EUA, já afirmou que não quer mais a base americana de Futenma, em Okinawa. O governo Obama, que considera o local estratégico por ficar próximo à China e à Coreia do Norte, pretende mover a base para outra parte da ilha, longe da área residencial.
O presidente americano e o premiê japonês também discutiram a cooperação entre os dois países no Afeganistão e Paquistão. Nesta semana, o Japão anunciou que destinará até US$ 5 bilhões à reconstrução do Afeganistão ao longo dos próximos cinco anos, mas destacou ontem que não vai mais reabastecer navios que levam suprimentos ao país. Os dois líderes pediram ainda que a Coreia do Norte retome o diálogo sobre seu arsenal nuclear. Uma declaração conjunta destaca que Washington e Tóquio ;não permitirão que o regime internacional de não proliferação fique em perigo;. ;As negociações entre os seis países (Japão, EUA, China, Rússia e as duas Coreias) para a desnuclearização pacífica da península coreana podem levar segurança e prosperidade para a Coreia do Norte e a região;, afirmou Obama.
Giro
Hoje, ainda em Tóquio, Obama fará um discurso endereçado ao continente. Segundo o assessor Ben Rhodes, o presidente deve falar sobre o programa nuclear norte-coreano, a luta contra a proliferação de armas atômicas, a mudança climática e o terrorismo. O espinhoso tema do Tibete, porém, será deixado de fora. O americano chegará a Cingapura à noite, para participar da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). Na segunda-feira, seguirá para a China ; a escala mais aguardada da viagem ; e, por fim, vai a Seul na quarta-feira. ;Na China, Obama fará sua visita mais difícil, porque Pequim está do lado oposto dos EUA em praticamente todas as preocupações mundiais, além de apoiar regimes ditatoriais por todo o mundo e não se preocupar com a questão da propriedade intelectual;, destaca o especialista da Fundação Heritage John J. Tkacik.