Mikhaïl Kalachnikov, o pai do famoso fuzil de assalto AK-47, se disse feliz nesta terça-feira, durante as comemorações de seu aniversário de 90 anos, de poder trabalhar até hoje, sair para caçar e pescar.
"Servi e vou continuar servindo minha pátria até o fim dos meus dias", declarou Kalachnikov em cerimônia no Kremlin, onde foi recebido pelo presidente Dmitri Medvedev.
"A história gloriosa de seu trabalho fez das armas russas uma de nossas marcas nacionais", declarou Medvedev, que lhe entregou a medalha de Heróis da Rússia.
Apesar de sua idade avançada, Kalachnikov não quer se aposentar. "Eu quero trabalhar", insistiu, vestido num uniforme militar com inúmeras medalhas.
"Para mim, o trabalho sempre foi o melhor remédio", confiou o inventor da "kalach" ao jornal Rossiïsskaïa Gazeta, destacando que passa quatro dias por semana no escritório de estudo de armamentos na fábrica Ijmach de Ijevsk (Ural, 1.300 km a leste e Moscou).
Para se divertir, gosta de ir para a mata caçar e pescar. "Isso me dá força", acrescentou Kalachnikov que escrevia poemas na juventude.
Kalachnikov começou a construir em 1947 o fuzil de assalto batizado AK-47, quando se recuperava de um ferimento sofrido durante a 2ª Guerra Mundial.
A arma, em seguida, foi fabricada em diversos modelos, com 100 milhões de exemplares pelo mundo; no entanto, a "metade delas, senão mais, são armas de contrabando", lamentou Kalachnikov, em uma conferência no fim de outubro, criticando também a pirataria.
O AK-47 é o engenho de morte mais usado nas zonas de combate de mundo inteiro. Uma situação que não alegra seu inventor: "Não é agradável ver que todo tipo de criminosos atirando com minhas armas", acrescentou.
"Criei armas com o objetivo de defender nossa sociedade", repetiu nesta terça-feira Kalachnikov, segundo imagens da televisão que o mostraram atirando com um fuzil.