PARIS - O construtor francês Dassault, que disputa a venda para o Brasil de 36 aviões de combate Rafale, reduziu o preço de seus aparelhos para aumentar suas possibilidades de obter esse contrato multimilionário, afirma o jornal francês Liberation em sua edição desta sexta-feira (6/11).
"O preço do Rafale em queda para favorecer a venda ao Brasil", afirma o Liberation antes de explicar que, segundo uma fonte segura, a Dassault reduziu em 40% o preço do Rafale.
A Dassault, que compete pelo contrato de US$ 7 bilhões (5 bilhões de euros) com a americana Boeing e a sueca Saab, desmentiu essa informação. "Em primeiro lugar, essas informações são falsas. Em segundo lugar, não temos o costume de fazer negócios em praça pública", declarou um porta-voz do construtor francês.
Segundo o jornal francês de esquerda, que também cita a imprensa brasileira, num primeiro momento o grupo Dassault havia proposto um preço por unidade de 98 milhões de euros (US$ 145 milhões), "muito mais caro que os modelos concorrentes, o F-18 americano e o Gripen NG sueco".
O Liberation afirma ainda que, durante sua visita ao Brasil, no início do mês de setembro, o presidente francês Nicolas Sarkozy "se comprometeu que a Dassault ofereceria um preço pago pelo exército francês", ou seja, 50 milhões de euros por unidade. "O construtor aeronáutico seguiu nesse caminho, apesar de acrescentar um extra pelo transporte para o Brasil", insistiu o jornal.
A publicação diz que, do lado francês, se teme que essa redução não seja suficiente para obter o contrato multimilionário, sobre o qual deve ainda se pronuncia a Força Aérea Brasileira (FAB). "A Dassault aposta numa escolha política por parte do Brasil em favor do Rafale para não ter que baixar seu preço, enquanto que Paris gostaria que isso acontecesse", afirma o Liberation, que cita fontes ligadas ao caso. "Paris - acrescenta o jornal - estaria a favor de um preço muito baixo para começar a exportação do Rafale", que até agora ainda não foi vendido.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia expressado sua preferência pelo aparelho da Dassault, pois a França está disposta a transferir tecnologia para Brasília.
No início de outubro, o comando da FAB fechou o prazo de apresentação de propostas para o ambicionado contrato, e as ofertas serão analisadas por um grupo de 60 especialistas. Ainda não está definida a data em que será feito o anúncio do vencedor.