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Os talibãs acusam a ONU de apoiar os invasores no Afeganistão

CABUL - Os talibãs acusaram nesta sexta-feira (6/11) as Nações Unidas de oprimir os muçulmanos do mundo e apoiar os 'invasores' no Afeganistão, depois que a ONU anunciou, na véspera, a evacuação de mais da metade de seu pessoal estrangeiro nesse país. "No que diz respeito à proteção dos direitos da Umma (a comunidade muçulmana), a ONU e, em particular, o Conselho de Segurança, se tornam silenciosos. Eles decidiram oprimir a Umma e apoiar os invasores arrogantes e brutais", afirmaram os talibãs em um comunicado publicado em seu site. "Se olhamos para o Afeganistão, vemos claramente que o Conselho de Segurança está totalmente alinhado com os Estados Unidos e as forças da coalizão", afirma ainda o texto, acrescentando que "a ONU participa nesses crimes contra o povo afegão". "Nos últimos oito anos, não passou um só dia sem que os americanos e as forças ocidentais cometam crimes, homicídios e torturas contra nosso povo", acusa ainda. A ONU anunciou na véspera vai retirar temporariamente todos os funcionários estrangeiros não essenciais do Afeganistão depois do atentado da semana passada dos talibãs contra uma hospedaria que abrigava empregados das Nações Unidas. Quase todas as 600 pessoas vão deixar o país, mas uma pequena parte pode se mudar dentro do Afeganistão. Em um comunicado, a Organização das Nações Unidas afirma que permanece "totalmente comprometida na ajuda a toda a população afegã, como acontece há mais de meio século". No dia 28 de outubro, três terroristas atacaram uma hospedaria de Cabul em que vivem muitos funcionários da ONU, matando cinco deles e dois policiais afegãos. Os criminosos também foram mortos. Os talibãs reivindicaram o ataque e as autoridades também acusaram a Al-Qaeda de envolvimento. A Missão da ONU no Afeganistão (UNAMA) tem 5.600 funcionários, a maioria deles afegãos. A retirada anunciada nesta quinta-feira envolve quase 12% dos efetivos.