MILÃO - O tribunal de Milão (norte) condenou nesta quarta-feira à revelia 23 ex-agentes da CIA pelo sequestro do imame egípcio Abou Omar, em 17 de fevereiro de 2003, mas abandonou o processo contra os ex-dirigentes da agência americana de informação em Roma, Jeff Castelli, e do Sismi, o serviço de informação militar italiano, Nicolo Pollari.
O julgamento é considerado altamente simbólico. Trata-se do primeiro organizado na Europa sobre os voos secretos da CIA transportando pessoas suspeitas de terrorismo, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Omar foi trasladado e encarcerado, em seguida, numa prisão de alta segurança na periferia do Cairo, Egito, onde, segundo ele, foi torturado.
O ex-dirigente da CIA em Milão na época, Robert Seldon Lady, foi condenado a oito anos e 22 outros americanos, julgados à revelia, a cinco anos.
Para o italiano Nicolo Pollari, do Sismi, o juiz Oscar Maggi destacou que ele está protegido "por segredo de Estado" pelo que não pôde ser julgado.
Já o ex-chefe da CIA em Roma, Jeffrey Castelli, e outros dois agentes da CIA, foram beneficiados pela "imunidade diplomática" na qualidade de funcionários americanos na embaixada dos Estados Unidos na capital italiana.
O religioso muçulmano foi sequestrado com a ajuda de agentes italianos e levado à base americana de Aviano, nordeste da Itália, segundo a sentença do magistrado encarregado do caso.
O sequestro representou uma violação caracterizada da lei, havia afirmado nesta quarta-feira o promotor Armando Spataro.
"Não há nenhuma estrutura legal na qual o Sismi (serviço de informação militar italiano) e a CIA (agência americana) poderiam se aliar para praticar um sequestro. Isto é absolutamente contrário à lei italiana", havia dito Spataro em sua alegação.