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Itália e Vaticano rejeitam condenação da Europa por exibir crucifixos nas aul

A condenação da Corte Europeia de Direitos Humanos contra a Itália por exibir crucifixos nas aulas desatou a indignação das autoridades italianas e no Vaticano, que falou de um "error que miopia". A ministra da Educação italiana, Mariastella Gelmini, foi incisiva a respeito ao afirmar que esta decisão "está impregnada de ideologia". "A presença de crucifixos nas aulas não significa uma adesão ao catolicismo, e sim representa nossa tradição", afirmou à imprensa italiana. "A história da Itália está cheia de símbolos e se estes forem eliminados, vamos eliminar parte de nós mesmos". O Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou a Itália por exibir crucifixos nas escolas, o que considerou contrário ao direito dos pais em educar seus filhos segundo suas convicções religiosas e a liberdade de de religião. Os juízes acham que a cruz pode ser interpretada facilmente pelos alunos de qualquer idade como um símbolo religioso, o que pode perturbar os estudantes de outras religiões ou ateus. Os únicos que aprovaram a decisão da corte europeia foram os dirigentes dos dois partidos comunistas, que aprovaram uma sentença que confirma a condição laica do Estado e da escola. O governo italiano anunciou que recorrerá da sentença. A sentença, que terá de ser aplicada em três meses no caso do recurso não ser aceito, também foi criticado pelo Vaticano, que recebeu a notícia com "estupor e pesar", segundo seu porta-voz, padre Federico Lombardi. "O crucifixo sempre foi um sinal do amor de Deus, de unidade e de acolhida para toda a humanidade", afirmou, estimando que a decisão se trata "de um erro e uma miopia querer excluir da realidade educativa um sinal fundamental da importância dos valores religiosos na história e na cultura italiana". A Igreja católica batalha há anos contra o laicismo dominante na Europa e em várias ocasiões o Papa Bento XVI, como seu predecessor Juan Pablo II, pediu a defesa dos valores cristãos do velho continente. A Itália estabeleceu por lei na década de 1920, sob o fascismo, que as escolas deviam ter crucifixos e, apesar disso não ser aplicado estritamente desde 1984, quando o catolicismo deixou de ser religião de Estado, o debate continua aberto. "A maioria dos italianos se reconhecem nesses símbolos religiosos", explicou Franco Garelli, professor da Universidade de Turim, que citou um estudo de 2007 que estabelece que 77% dos italianos é a favor dos crucifixos nas aulas.