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Deputados hondurenhos vão analisar o acordo Micheletti-Zelaya

TEGUCIGALPA - Os deputados do Congresso hondurenho começarão a analisar nesta segunda-feira (2/11) o conteúdo do acordo para pôr fim à crise política do país, anunciou o presidente do órgão legislativo, José Alfredo Saavedra. Saavedra, no entanto, não comentou qual será a data para a reunião extraordinária que deverá votar o chamado Acordo Guaymuras Tegucigalpa/San José, já que o Congresso está em recesso. O Congresso deve se pronunciar sobre a restituição de Zelaya à presidência do país, segundo estabelece o acordo assinado na sexta-feira passada por sua delegação e os representantes do governo de fato de Roberto Micheletti. Pelo menos 65 deputados, dos 128 da Câmara, terão de votar a favor para que a restituição de Zelaya se torne efetiva. O que o acordo não estabelece é o que acontecerá se a decisão dos legisladores for contrária à volta de Zelaya, deposto em 28 de junho. No fim de semana, Zelaya afirmou esperar que, no mais tardar na quinta-feira, seja devolvido às funções, porque assim diz o acordo firmado sexta-feira. "Na quinta-feira, deverá estar organizado e instalado o governo de unidade, e até lá será preciso uma solução para o ponto cinco", que é a devolução do meu cargo, dijo Zelaya. Zelaya, que está desde 21 de setembro na embaixada do Brasil, esteve analisando, com seus assessores, o chamado Acordo Tegucigalpa/San José, fato este que foi transmitido pela rádio Globo. "Não aceitei que pusessem meu cargo em discussão, nem minha eleição como presidente; isso seria algo inaceitável para nós", acrescentou. O calendário para o cumprimento do Acordo de Tegucigalpa-San José-Diálogo Guayamuras (nome de Honduras antes da chegada dos espanhois) prevê a constituição de um governo de unidade nacional em Honduras até o dia 5 de novembro. O texto de cinco páginas também prevê a entrega do poder, no dia 27 de janeiro de 2010, ao presidente eleito na votação de 29 de novembro. O acordo estipula ainda para no primeiro semestre do próximo ano será instalada a Comissão da Verdade, cuja missão será investigar os acontecimentos ocorridos durante e após o golpe de Estado que derrubou Zelaya, no dia 28 de junho. Depois de semanas de árduas negociações, a delegação enviada na quarta-feira passada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, encabeçada por seu chefe para a América Latina, Thomas Shannon, conseguiu aproximar posições que pareciam inegociáveis. Thomas Shannon chamou de heróis da democracia os negociadores e elogiou a liderança política de Zelaya e Micheletti. "É um grande momento para Honduras", disse, depois de garantir que os Estados Unidos vão acompanhar o processo eleitoral, advertindo, no entanto, que o acordo terá uma implementação complicada e vai necessitar da colaboração da comunidade internacional.