La Paz - O acordo assinado entre os Estados Unidos e a Colômbia para que militares americanos utilizem sete bases colombianas é dirigido contra os governos revolucionários da América Latina, afirmou neste sábado o presidente boliviano, Evo Morales.
"As bases militares são contra os governos, os presidentes e os movimentos sociais revolucionários da América Latina", insistiu o presidente falando à imprensa. "Essas bases não são para combater o narcotráfico", acrescentou.
Colômbia e Estados Unidos assinaram na sexta-feira um acordo militar permitindo ao exército americano usar, pelo menos, sete bases na Colômbia - uma decisão que já foi motivo de uma crise na região e vem sendo vista com reservas no próprio país.
O texto, destinado, segundo Washington e Bogotá, a reforçar sua cooperação em matéria de luta contra as drogas e a guerilha, não foi divulgado.
Em vigor durante dez anos, autorizará o exército dos Estados Unidos a usar, pelo menos, sete bases na Colômbia, país que faz fronteira com Venezuela, Equador, Brasil, Peru e Panamá.
Permitirá, ainda, a Washington compensar o fechamento, em setembro, de sua única base na América do Sul, no porto de Manta (Equador), de onde foram realizadas operações aéreas de vigilância do Pacífico, destinadas a interceptar carregamentos de cocaína.
Admitirá, também, a presença de 800 militares e 600 civis americanos em solo colombiano.
Estão concernidas pelo menos três bases aéreas, duas bases da Marinha e outras duas do Exército, em particular a de Palanquero (180 km a oeste de Bogotá), que dispõe de pista de pouso adaptada a aviões militares cargueiros, facilitando a militares americanos projetar-se além das fronteiras colombianas, segundo os detratores do acordo.
O anúncio da assinatura havia desencadeado, em julho e agosto, uma crise regional, acarretando a realização de uma cúpula da União das Nações da América do Sul (Unasul) na Argentina, em 28 de agosto passado.
Os países membros haviam, então, deixado claro que a presença de tropas estrangeeras na região não deveria, em nenhum caso atingir sua "soberania" ou sua "integridade".
Os vizinhos da Colômbia, em particular a Venezuela e o Equador, temem que as operações nessas bases, possam visá-los, principalmente em matéria de inteligência, o que Washington desmente.