O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que a divisão da Alemanha foi um erro e que não havia outra alternativa a não ser sua reunificação. Putin trabalhava, durante a época da queda do Muro de Berlim, como agente do serviço secreto, na República Democrática da Alemanha (RDA).
[SAIBAMAIS]"A divisão do povo (alemão) não tinha perspectiva; era evidente desde o começo que não deveria ter sido feita", declarou ele à televisão russa NTV, como parte de um documentário que será divulgado no dia 8 de novembro, véspera do vigésimo aniversário da queda do Muro.
"A Alemanha e o povo alemão foram, durante muito tempo, reféns da luta entre duas superpotências (Estados Unidos e a URSS) e das forças de ocupação tanto a oeste quanto a leste", destacou, segundo fragmentos publicados pela agência Interfax.
"Enfim, a Alemanha se tornou moeda de troca na luta entre estas duas potências", acrescentou o ex-presidente da Rússia (2000-2008), que ainda é considerado o homem forte do país.
Putin, que sonhava fazer carreira na KGB, foi destinado a um posto modesto em Dresde, distante das cidades ocidentais mais cobiçadas, de modo que guarda uma lembrança pouco entusiasta desse período.
De volta a San Petersburgo, sua cidade natal, num país à deriva depois da queda do comunismo, recomeçou do zero, embora, em pouco tempo, tenha escalado vários degraus, à sombra do prefeito da ex-capital imperial, Anatoli Sobtchak, indo, em seguida para Moscou.
Nostálgico do poderio da União Soviética, Putin descreveu um dia seu desaparecimento como "a maior catástrofe geopolítica do século XX".
Segundo o jornalista que o entrevistou, Vladimir Kondratev, citado pelo diário Kommersant, Putin desempenhou um pequeno papel nos acontecimentos de 1989: dirigiu-se à multidão concentrada diante do prédio da KGB, em Dresde, um dos feudos da oposição ao regime comunista, e a dissuadiu a apoderar-se dele.