PARIS - Novos testemunhos reativaram nesta terça-feira (27/10) a investigação da morte de Robert Boulin, ministro durante a presidência de Valery Giscard D'Estaing, em 1979, na França.
A família de Robert Boulin, ministro de Trabalho de Giscard, pediu a reabertura do caso sobre a morte suspeita, considerada um dos grandes casos políticos judiciais das últimas décadas na França. Oficialmente, ele teria se suicidado.
O pedido se apoia em particular em um testemunho, difundido nesta terça-feira pela rádio pública francesa France Inter, do ex-ministro Jean Charbonnel. "Não tenho mais dúvidas. Penso que foi assassinato", declarou Charbonnel. "A versão do suicídio não bate e os possíveis culpados atuaram nesse momento por razões puramente políticas, que iam além de um simples escândalo imobiliário", acrescentou o ex-ministro, que falou de um ajuste de contas político.
Robert Boulin apareceu afogado em um tanque com 50cm de água em Saint Leger em Yvelines (oeste de Paris). Oficialmente, ele cometeu suicídio depois de tomar remédios, pouco tempo após seu envolvimento em um escândalo imobiliário em Ramatuelle, perto de Saint Tropez, no litoral francês (sudeste).
As declarações de Charbonnel foram reforçadas pela filha de Alexandre Sanguinetti, membro influente do Serviço de Ação Cívica (SAC), um grupo de ação oficial e, em alguns casos, violento. Segundo ela, Robert Boulin tinha informações sobre uma rede de faturas falsas e por isso acredita que Robert "se converteu em um alvo", acrescentou, antes de se declarar disposta a apresentar seu testemunho, como Jean Charbonnel, ante a justiça.
"Indubitavelmente, são elementos importantes que levam a uma reabertura do caso, arquivado desde 1991", afirmou Olivier Morice, advogado da família de Robert Boulin.