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Talibãs convocam boicote ao segundo turno no Afeganistão

Os talibãs defenderam neste sábado o boicote ao segundo turno da eleição presidencial afegã, no dia 7 de novembro, ao pedir a todos os "mujahedines" ataques ao "processo americano".

As ameaças foram divulgadas no dia do começo da campanha eleitoral para o segundo turno, em que se enfrentarão o atual presidente Hamid Karzai e o ex-ministro das Relações Exteriores Abdullah Abdullah.

"O emirado islâmico (do Afeganistão) informa de novo ao povo que ninguém deve debe participar neste processo americano, a eleição de 7 de novembro, e é preciso boicotar este processo", afirma um comunicado dos talibãs.

Os extremistas também convocaram um boicote do primeiro turno, no dia 20 de agosto, qualificado de "imposição orquestrada pelos americanos", e com ameaças de represálias aos eleitores que se arriscassem a votar na ocasião.

A participação no primeiro turno foi de apenas 38,7%, mas em alguns redutos insurgentes não chegou sequer a 5%.
"Os talibãs advertem que os mujahedines estão totalmente preparados para vencer este processo e que qualquer eleitor ferido será responsável por sua situação", afirma a nota.

"Todos os mujahedines devem se mobilizar para vencer este processo, lançar ataques contra as bases inimigas, impedir as pessoas de participar na eleição e bloquear a circulação dos veículos governamentais e civis em todas as estradas a partir da véspera da eleição".

O segundo turno será disputado entre o ex-chanceler Abdullah e o presidente Karzai, que chegou ao poder no fim de 2001, após a derrota dos talibãs por forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos.

Oito anos depois, os extremistas praticam uma guerra de guerrilhas cada vez mais violenta, sobretudo em seu reduto no sul do país, onde os ataques e as ameaças limitaram a participação eleitoral em províncias como Kandahar a 10% ou menos.

Quase 200 incidentes violentos durante o primeiro turno foram atribuídos aos talibãs, incluindo amputações de dedos marcados com tinta púrpura, a prova de que a pessoa havia votado, assim como ataques com foguetes e granadas contra locais de votação.

Depois de intensas pressões diplomáticas, Karzai aceitou esta semana disputar um segundo turno e foi elogiado pela comunidade internacional. O resultado final do primeiro turno foi anunciado na terça-feira, exatamente dois meses depois da eleição.

Mais de um milhão de votos fraudulentos para Karzai, ou seja, um terço das cédulas apuradas na contagem preliminar, foram anulados, reduzindo seu resultado a 49,67% dos votos, contra 30,59% para Abdullah.

A Comissão Eleitoral Independente iniciou neste sábado o envio do material de votação, incluindo as cédulas com apenas dois nomes e tinta indelével, a todas as zonas eleitorais do país.