A um mês da visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a viagem, marcada para o dia 23 de novembro, gera polêmicas e críticas. Nos Estados Unidos, o deputado democrata Eliot Engel pediu uma audiência pública no Congresso Nacional na semana que vem para discutir a influência do líder iraniano no Hemisfério Ocidental, mais precisamente na América do Sul.
Durante a visita, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai reiterar que o governo brasileiro é contrário a sanções contra o Irã - decisão que para o Brasil só pode ser tomada depois de esgotadas todas as etapas de negociações.
Publicamente, Lula tem afirmado que sua preocupação é com as relações do Estado brasileiro com o Estado iraniano e não com as tensões que envolvem judeus e palestinos - questão abordada com frequência nos discursos de Ahmadinejad.
Paralelamente, embaixadores brasileiros articulam para amenizar as controvérsias e defendem a visita de Ahmadinejad. Temas espinhosos, como energia nuclear e a suposta fabricação de bombas no Irã, serão mencionados nas reuniões bilaterais.
O argumento de Lula para receber Ahmadinejad é que o diálogo vai contribuir para consolidar a democracia no Irã e para a compreensão de que o país está em transformação. Sobre a energia nuclear, Lula vai defender o uso para fins pacíficos.
De acordo com diplomatas brasileiros, o questionamento sobre a existência de bombas no Irã será analisado por Lula em tom de dúvida, uma vez que ele deverá ponderar que não é possível tomar como verdade absoluta a questão. O presidente vai reiterar que o Irã tem direitos e obrigações a cumprir e que certamente desempenhará bem seu papel.
Para Virgílio Arantes, professor de História do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), a visita de Ahmadinejad ao Brasil consolida o papel diplomático do governo brasileiro. %u201CO Brasil tem uma relação amistosa com todos os países do Oriente Médio e de harmonia e respeito às políticas internas%u201D.
Segundo Arantes, o %u201Cpragmatismo%u201D é a marca da diplomacia brasileira. Portanto, ele afirma que a visita de Ahmadinejad tem essa característica: defesa da compreensão das diferenças em nome da democracia, do diálogo e do equilíbrio.